A inflação aos consumidores americanos cresceu 0,1% em março, desacelerando dos 0,4% de fevereiro e ficando marginalmente abaixo das expectativas de alta de 0,2%. Na comparação anual, o indicador computou alta de 5%, menor patamar desde maio de 2021. Por outro lado, o núcleo da inflação avançou 0,4% no período, desacelerando 0,1 p.p. em relação ao resultado de fevereiro.
Frente a março de 2022, o núcleo teve alta marginal para 5,6%, mais uma vez reforçando o caráter persistente da inflação na economia americana e mantendo a pressão sobre o FED elevada.
O índice de habitação (0,6%) foi o maior contribuidor do resultado ao ser influenciado pelos aluguéis e aluguel equivalente dos proprietários e mais do que compensou a queda da energia (-3,5%). Outros índices que subiram foram os seguros de veículos motorizados, passagens aéreas, móveis domésticos e veículos novos. Os índices de cuidados médicos e carros e caminhões usados estão entre os que recuaram. Os alimentos ficaram estáveis.
A estabilidade dos alimentos foi resultado da queda de 0,3% na alimentação no domicílio, impactada pelo recuo das carnes, aves, peixes e ovos (-1,4%), que por sua vez foi puxada pela contração de 10,9% dos ovos, das frutas e vegetais (-1,3%) e laticínios e produtos relacionados (-0,1%). Esse resultado contrastou com as altas de 0,4% em outras alimentações no domicílio e 0,6% na alimentação fora do domicílio.
Já a energia caiu em função do recuo de todos os grandes grupos: gasolina (-4,6%), gás natural (-7,1%) e eletricidade (-0,7%).
Assim como foi em grande parte dos últimos meses, a inflação americana segue recuando muito em função dos itens mais voláteis do indicador, de modo que as expectativas de valorização do petróleo ao longo de 2023 podem fazer o indicador voltar a subir no curto prazo, aumentando ainda mais a pressão sobre o FED e sobre a economia americana.
De todo modo, a persistência do núcleo da inflação em torno do patamar de 5,5% reforça a ineficiência da política monetária do banco central americano até o momento, é motivo para mais uma alta de juros na reunião de maio e mantém as incertezas sobre a estabilidade do sistema bancário vivas.
Portanto, vemos bastante irracionalidade do mercado ao puxar os principais índices americanos apesar dos dados claramente ruins da inflação e do cenário esperado para os próximos meses, o que nos leva mais uma vez a reforçar a necessidade de cautela com exposições estrangeiras e a visão de que os mercados emergentes devem ganhar espaço em 2023.