Operações Long & Short: o que são, tipos e quando usar

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O Long & Short (LS) é um tipo de operação não tão conhecido por boa parte dos investidores. Do inglês, long remete a “comprar” e short, a “vender”. Assim, uma operação LS é aquela que se vale de dois investimentos juntos, considerados como um só: o investidor compra um ativo e vende outro. Pela própria natureza de ter uma venda envolvida, muitas vezes o LS não envolve o investimento de caixa algum, mas a perna vendida financia a comprada – ou seja, consegue-se investir sem dinheiro. Por isso é considerada uma operação de alavancagem.

Há vários tipos de investimentos LS. Entre os principais, cabe destacar:

Neutro vs. direcional – Neutro é o LS cujo tamanho financeiro da perna comprada é aproximadamente igual ao da vendida. Nesse caso, independentemente da direção do mercado, o par tende a ser estável. Direcional é quando uma das pernas é maior que a outra e, por consequência, se está apostando em uma das direções – alta ou baixa do mercado;

Intersetorial vs. LS intrasetorial – Intrasetorial é o LS cujo par está dentro de um mesmo setor (i.e. ITUB4/BBDC4); já no intersetorial, o par conta com investimentos em setores distintos (ITUB4/PETR4);

Short em índice vs. short em single names – A parte vendida, muitas vezes é feita via índice do mercado mais amplo, por exemplo, um BOVA11 (ETF), ou um futuro de Ibovespa, contra uma perna comprada em um papel. Nesse caso, se está apostando que tal papel irá melhor (ou pior) que o mercado em geral. Já no caso de short single names, a perna vendida é um papel específico. Essa diferença existe porque muitos investidores preferem não vender papéis específicos por questões de liquidez e short squeeze.

A estratégia LS é complementar a outras estratégias eminentemente Long Only (LO), ou seja, apenas comprado em ativos. Os LSs atuam muito bem em mercados sem direção definida ou com muita volatilidade. Enquanto os LOs sofrem em mercados assim, porque sobem e descem ao sabor das notícias do momento (muitas delas são apenas ruídos e não sinais) sem trazer grandes resultados, os LSs tem a capacidade de ganhar mesmo quando o mercado está “de lado”. Isso porque, por contar tanto com investimentos comprados quanto investimentos vendidos, essa classe é mais estável em relação aos preços dos ativos subjacentes (a ponta comprada ou a ponta vendida, considerados isoladamente). Dessa forma, os LSs são ideais em momentos turbulentos ou com muitas incertezas.

Há normalmente duas formas de se atuar com LS:

1) Fazendo a compra e a venda de cada. Aqui, o investidor pode fazer o par por conta própria ou contar com estruturas especializadas como mesas de renda variável. Na BRA BS/, temos uma equipe que atua 100% focada nessa estratégia. Se não conhece, peça a seu assessor financeiro para te apresentar o serviço;

2) Investindo em fundos especializados em LS. Há gestoras de ativos especializadas que atuam profissionalmente em aproveitar distorções entre pares que são monitorados consistentemente. Essa é a forma mais simples de atuação e se beneficia de profissionais altamente especializados.

Quanto aos riscos, lembremos que o LS é, na essência, dois investimentos em um. Assim, comparado com o investimento LO, o investidor pode perder nas duas pontas e aumentar a perda potencial. Entretanto, muitos dos tipos específicos citados acima têm, intrinsecamente ao par considerado, questões que limitam essa possibilidade de perda dupla e atuam, pelo contrário, com mais previsibilidade e mitigação da possibilidade de perdas. Um caso claro para exemplificar é um LS entre ON e PN de uma mesma empresa. A diferença entre os preços de uma ação ordinária e uma preferencial não tem liberdade irrestrita, mas são sujeitas a uma variação relativamente bem definida. Veja o gráfico 1 em relação a ITUB4 vs ITUB3.

Compra de 1 ITUB3 e venda de 1 ITUB4, ou simplesmente, ITUB3/ITUB4.

Perceba que a razão entre o preço das duas ações mostradas na figura ficou, na última década inteira, salvo momentos bem específicos, contida na faixa 0,7993-0,9205 (linhas verde escuras no gráfico). Ou seja, o par é bastante estável. Assim, quando o valor do par chega próximo ao limite inferior, investe-se em ITUB3/ITUB4. Quando chega próximo ao limite superior, investe-se em ITUB4/ITUB3. E a própria natureza da impossibilidade, salvo questões de governança muito atrozes ou momentos macro muito singulares, dos preços entre ON e PN divergirem um do outro ilimitadamente, faz com que uma distorção desses valores rumo a um dos extremos seja uma oportunidade de investimento. Note, por fim, que essas distorções são estáveis, independentemente de a empresa estar em bom momento ou mau momento, das condições macroeconômicas e da maioria das outras considerações que são feitas em um investimento tradicional (LO). Essa é uma das belezas do investimento LS: sua relativa previsibilidade.

Uma outra desvantagem (não um risco) é que o LS, por ter duas pernas de investimentos em uma, tem naturalmente o dobro dos custos operacionais envolvidos comparado a uma única perna ou um único investimento LO.

Aprendendo novas estratégias, o investidor tem capacidade de usar novas ferramentas na busca de retornos melhores. Por isso, sou entusiasta da educação financeira para a melhoria dos retornos de investimentos.

Tenham bons investimentos!

 

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