Para o dinheiro deixar de ser tabu: encontro no Rio promove conversa franca entre mulheres

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Cerca de cinquenta mulheres, de distintas idades e contextos, se reuniram em plena noite de quinta-feira em um restaurante na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, para boas horas de conversa. O assunto? Dinheiro. 

Aconteceu em 16 de maio o Papo com Elas, primeiro evento promovido pela iniciativa Investe com Elas, um projeto de cinco amigas que trabalham juntas no mercado financeiro. A partir das próprias experiências na mesa de operações da Nomos Investimentos, Aline Rosandiski, Thalyta Pery, Madu Botelho, Maria Antônia e Larissa Siqueira identificaram a necessidade de um olhar especial para o público feminino que não sabe por onde começar quando se trata de finanças. 

Da esquerda para a direita: Larissa, Madu, Maria Antônia, Thalyta e Aline, fundadoras do Investe com Elas. [Foto: Thiago Melo]
Mais que ajudar a investir, as cinco buscam proporcionar uma base educacional que fundamente a decisão de construir e multiplicar patrimônio. 

“Dinheiro precisa deixar de ser um tabu”, resumiu Aline, mediadora do encontro, que reuniu Ana Vitória, dona da marca Ana Vi Brand, e Carol Velloso, fundadora da Neuroeconomia Educação. A conversa abordou tópicos como empreendedorismo, rotina e hábitos, harmonizando com a proposta educacional do Investe com Elas. 

Como as cinco fundadoras do projeto fizeram questão de ressaltar, investimento é muito mais sobre constância do que quantia inicial – elas, aliás, relatam casos de clientes que começaram com aportes de R$ 100 mensais. Hábitos são a chave, enfatizou Carol. 

Especializada em finanças comportamentais pela Universidade de Chicago, a advogada de formação descobriu a neuroeconomia a partir de Rápido e Devagar, livro de Daniel Kahneman, o psicólogo ganhador do Nobel de economia. Foi a descoberta de um novo mundo. 

Carol, que havia iniciado há pouco tempo a jornada de educação financeira, decidiu mergulhar a fundo no assunto. Além de entender a própria mente, ela passou a ensinar outras pessoas, deixando para trás tanto a antiga carreira quanto o velho comportamento quanto ao dinheiro. 

Até então, Carol tinha um modus operandi de jamais se endividar, mas ao mesmo tempo gastar tudo que entrava na conta. Hoje, ela frisa como lidar com finanças envolve decisões intertemporais, isto é, abdicar do prazer instantâneo em prol de algo maior no futuro. Ao mesmo tempo, não se pode descartar como decisões, mesmo as que deveriam ser racionais, envolvem primariamente a emoção. 

Participantes do evento variavam em faixa etária e contextos pessoais. [Foto: Thiago Melo]
O fator emocional, inclusive, afasta muitas pessoas do mercado. Afinal, lidar com cifras e porcentagens pode assustar em um primeiro momento, e “o cérebro sempre quer fugir do tigre”, comparou Carol. Uma recomendação prática da especialista é atrelar o cuidado com o dinheiro a sensações prazerosas, como refeições ou aromas agradáveis.

Para Ana Vitória, deu certo. A empreendedora, de 21 anos, empenha-se em construir hábitos disciplinados, e auto gratificações pelo atingimento de metas pessoais entram no sistema. 

Ela começou a própria marca de roupas em 2017, inicialmente com um bazar no qual vendia peças não usadas que possuía em casa. A partir do sucesso da empreitada inicial, passou a consignar as roupas das amigas, pegando 30% do lucro. 

A loja no molde atual só começou mesmo na pandemia, com apenas uma peça – um short importado de R$ 65 cujo modelo não estava disponível no Brasil antes. A empresa cresceu, com a página oficial do Instagram dispondo atualmente de 140 mil seguidores. A primeira auto gratificação de Ana Vitória foi uma bolsa da Louis Vuitton.

Da esquerda para a direita, Ana Vi, Aline e Carol. [Foto: Thiago Melo]
Soa exuberante, mas a própria Ana rebate: para quem quer empreender ou construir uma jornada financeira, o segredo é se comparar com o eu do passado, não com a pessoa do lado. Colocar muita coragem no que se faz é essencial, como frisou durante todo o encontro. 

As metas podem parecer distantes, mas o processo até atingi-las é tão valioso quanto. O mais importante é prosseguir, concordam Ana, Carol e as cinco amigas do Investe com Elas. Afinal, finalizou a empreendedora, “desistir é muito chato”.

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