Payroll surpreende inesperadamente

Em abril, foram criados 253 mil novos empregos nos Estados Unidos, superando com facilidade as projeções de 180 mil e também se recuperando da criação de 165 mil de março, que havia sido o primeiro resultado a ficar abaixo das expectativas em 12 meses. No mais, a taxa de desemprego voltou a recuar para 3,4%, mínima de 50 anos.

No período, a taxa de participação da força de trabalho foi de 62,6%, enquanto a razão empregopopulação foi de 60,4%, ambas inalteradas e abaixo das medidas de fevereiro de 2020, quando registravam 63,3% e 61,1%, respectivamente. Além disso, os desempregados de longo prazo (27 semanas ou mais) também permaneceram estáveis em 1,2 milhão, representando 20,6% do total de desocupados.

E o número de desalentados cresceu 346 mil para 5,3 milhões, mas esse número não é contabilizado entre os desempregados, visto que não procuram emprego ativamente. Entre os segmentos que mais criaram vagas, se destacam os serviços profissionais e empresariais (43 mil), cuidados médicos (40 mil) e lazer e hospitalidade (31 mil).

O emprego sofreu pouca alteração em outros grandes setores, como construção, manufatura, comércio atacado, comércio varejista, transporte e armazenamento, informação e outros serviços. Não houve demissões em nenhum setor, um sinal ruim para o FED e para as expectativas de inflação.

Por último, o ganho médio por hora cresceu 0,5% entre meses e 4,4% entre anos, batendo as projeções do mercado de 0,3% e 4,2%, respectivamente, mostrando uma aceleração indesejada dos salários e que deve manter as pressões inflacionárias altas.

O novo resultado do payroll, da taxa de desemprego e dos salários certamente preocupam do ponto de vista inflacionário, já que contribuem para manter as pressões e as expectativas altas e persistentes, colocando em xeque se há realmente uma desaceleração no mercado de trabalho americano como havia sido mostrado em março.

No mais, diante das instabilidades renovadas no setor bancário, entendemos que o FED encerrou seu ciclo de aperto monetário após o ajuste de 0,25 p.p. na taxa de juros realizado esta semana e, portanto, esgotou seus esforços na tentativa (falha) de controlar a inflação, de modo que o país deve conviver com taxas de inflação mais elevadas ao longo do ano e consequentemente forçar o banco central a manter as taxas de juros em patamar restritivo por mais tempo, preservando a pressão alta sobre o setor financeiro e em linha com nosso cenário de recessão para 2023.

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