PIB americano decepciona e reforça desaceleração

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A prévia do PIB dos Estados Unidos registrou crescimento de 1,1% no primeiro trimestre de 2023, ficando muito abaixo das expectativas de 2% e do crescimento de 2,6% registrado no 4T22. O crescimento do 1T foi puxado pelas despesas do consumidor, exportações, despesas do governo federal, estadual e local, e investimento fixo não residencial, que foram parcialmente compensados por quedas no investimento em estoque privado e investimento fixo residencial. As importações cresceram no período.

A alta das despesas do consumidor refletiu gastos maiores com bens e serviços. Entre os bens, os itens que mais favoreceram o resultado foram os veículos motorizados e partes. Já nos serviços, o aumento foi puxado pelos gastos com cuidados médicos e food services e hospedagem. Nas exportações, a demanda maior por bens foi parcialmente compensada por uma queda na demanda por serviços.

Entre as despesas do governo federal se sobressaíram os gastos não relacionados à defesa. A alta nos gastos dos governos estaduais e locais se deu em função do aumento salarial dos servidores públicos. Por último, no investimento fixo não residencial, aumentos em estruturas e produtos de propriedade intelectual foram parcialmente abatidas por uma queda no equipamento.

Do lado das quedas, o investimento em estoque privado foi puxado pelo comércio atacadista e manufaturas. Entre o investimento fixo residencial, o principal contribuidor para a queda foram as construções. Nas importações, o aumento foi puxado pela demanda por bens. No mais, a renda pessoal disponível cresceu 12,5% no primeiro trimestre do ano, um aumento considerável frente a alta de 8,9% do 4T22, refletindo a queda da inflação no período.

A renda pessoal disponível real cresceu 8% no 1T23, também acelerando em relação aos 5% do último trimestre do ano passado. Já a taxa de poupança pessoal foi de 4,8% nos primeiros três meses do ano, número também maior do que os 4% do 4T22, indicando as incertezas renovadas diante da necessidade de juros mais altos por mais tempo, da crise bancária no país e novas perspectivas de recessão.

É difícil precisar os motivos pelos quais a economia americana desacelerou durante o 1T23, visto que tanto a indústria quanto os serviços ganharam ritmo ao longo do primeiro trimestre e o pleno emprego ainda prevalece. Entretanto, entendemos que a taxa de juros alta, bem como as perspectivas da necessidade de taxas mais restritivas para conter a inflação elevada foram determinantes na desaceleração.

Além disso, a retração do setor imobiliário e a instabilidade no sistema bancário certamente contribuíram, mas esse último fato teve impacto muito limitado, visto que os eventos ocorreram a partir do dia 10 de março. De todo modo, vemos os Estados Unidos perdendo força ao longo do ano já que a taxa de juros deve permanecer no topo, o núcleo da inflação não cede e começamos a observar alguns sinais de exaustão no mercado de trabalho.

No mais, o cenário externo também é ruim e as instabilidades no setor bancário ainda existem e geram questionamentos e insegurança, algo que deve reduzir o consumo e o investimento, prejudicando o nível de atividade econômico.

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