O PIB dos Estados Unidos cresceu 2,4% no segundo trimestre do ano, de acordo com o resultado prévio do indicador, acelerando dos 2% registrados no 1T23.
Os dados preliminares mostraram que o novo crescimento da economia americana refletiu aumentos nas despesas dos consumidores, investimento fixo não residencial, gastos dos governos estaduais e locais, investimento em estoque privado e gastos do governo federal, que foram parcialmente compensados por quedas nas exportações e no investimento fixo residencial, evidenciando o mau momento do setor imobiliário do país e na economia mundial.
As importações, que impactam negativamente o indicador, recuaram. A expansão das despesas dos consumidores é resultado de gastos mais elevados com serviços e bens. Entre os serviços, os segmentos de maior destaque foram habitação e serviços públicos, cuidados médicos e serviços financeiros e seguros. Já entre os bens, se sobressaíram os bens recreativos, veículos e gasolina e outros bens energéticos.
Na comparação com o primeiro trimestre, a aceleração do PIB foi causada por incrementos no investimento em estoque privado e no investimento fixo não residencial. Esses movimentos foram parcialmente compensados por queda nas exportações e desaceleração nas despesas dos consumidores e gastos do governo federal, estadual e local, representando o impacto das taxas de juros mais elevadas e redução dos auxílios governamentais.
No mais, a renda pessoal cresceu US$ 236,1 bilhões no período, um decréscimo de US$ 41,9 bilhões em relação ao número do 1T23. O aumento foi causado especialmente pelas compensações maiores, receitas pessoais sobre ativos, aluguéis e transferências.
A renda disponível cresceu 5,2%, perdendo bastante ritmo em relação aos 12,9% do 1T23 e a taxa de poupança foi de 4,4%, alta marginal em comparação com os três meses anteriores.
O resultado do PIB reforça o fato de que a economia americana cresce a um ritmo sólido, mas vê seu principal componente (despesas dos consumidores) em desaceleração, algo que pode ser atribuído às taxas de juros mais elevadas e incertezas causadas pela instabilidade no sistema bancário ao longo de março e abril.
Além disso, o aumento menor da renda reforça a potencial desaceleração do mercado de trabalho, embora o mesmo ainda siga muito robusto e a taxa de
desemprego permaneça próxima da mínima de 50 anos.
Diante da solidez da economia, a nova alta de juros do FED é compatível com o objetivo de reestabelecer a ancoragem das expectativas e controlar a inflação do país, que segue mais de 125% acima da meta estabelecida quando observamos o indicador do núcleo tanto para o CPI, quanto para o PCE Price Index.
Por fim, o PIB do 2T23 como um primeiro indicador após a decisão de ontem aponta para mais uma alta de 0,25 p.p. nos juros em setembro, em linha com os últimos discursos do presidente do FED, Jerome Powell, mas é preciso ver se a atividade econômica irá manter o ritmo até lá.