Por que o gringo investe no Brasil? Veja o que influencia no fluxo do capital estrangeiro

vladislav-klapin-YeO44yVTl20-unsplash

Apesar das incertezas quanto à economia no hemisfério Norte, o ânimo dos gringos quanto ao Brasil se mantém elevado em 2023. Até agora, o resultado é positivo quanto à entrada de capital estrangeiro. O número segue o ritmo de 2022, quando R$ 100 bilhões foram direcionados para a bolsa brasileira. 

De acordo com a B3, o valor acumulado em fluxo estrangeiro foi de R$ 739  bilhões em 2023 até a última quarta-feira (08), data da última divulgação. O número se contrapõe ao posicionamento dos investidores institucionais do país, cujo saldo está negativo em R$ 11,6 bilhões no mesmo período.

As instituições financeiras nacionais e os investidores individuais brasileiros também registram cifra negativa.  

Os interesses estrangeiros

Em meio à efervescência política recorrente desde o período de transição de governo e às crises corporativas atuais – como as da Americanas, Light e Marisa –, talvez pareça estranho ao investidor brasileiro a entrada ininterrupta de capital estrangeiro no país. Os especialistas consultados pelo TradeNews compartilham suas visões sobre o tema.

Beto Saadia, planejador financeiro e especialista em alocação da Nomos, destaca a governança nacional como o primeiro aspecto para onde o investidor estrangeiro irá olhar. 

O head de análise fundamentalista da Benndorf Research, Niels Tahara, compartilha da mesma visão de Beto e acrescenta: “os problemas políticos e econômicos do país […] acabam afetando diretamente a percepção de risco do investidor estrangeiro ao investir no país”. 

“Você tem que ter um sistema político estável sem muitas rupturas. Sem muitos políticos ameaçando a democracia ou ameaçando as instituições. Isso é muito importante”, indicou Beto. 

Além disso, o planejador também mencionou o comando das empresas. Para ele, a governança das companhias precisa ser tão organizada e transparente quanto a do Estado.

“E aí, em segundo momento, ele vai pensar se aquele país vai ser rentável ou não”, prosseguiu Beto. Segundo ele, o investidor estrangeiro precisa enxergar uma rentabilidade maior na nação exterior do que em seu próprio país.

Mas, afinal, por que o fluxo de capital sobe?

Beto aponta dois motivos principais para a escalada do fluxo estrangeiro no Brasil. “Primeiro, porque a rentabilidade esperada do próprio investimento nos Estados Unidos está bem menor. Não à toa as bolsas caíram, a taxa de juros lá está subindo muito”, esclareceu. 

O segundo ponto registrado pelo planejador financeiro foi o fechamento de outros destinos de investimento. 

Por conta da guerra, Rússia e outros países do leste europeu não estão mais na rota das aplicações. Além deles, China e alguns países orientais ficaram fora do radar, por causa das restrições em relação à  Covid-19.

Niels, em outra visão, indica que aspectos mais internos também podem ter influenciado nesse fluxo.

“Nos últimos meses, vimos um forte fluxo de entrada de investidores estrangeiros na B3, possivelmente incentivada por uma melhora no diálogo externo do governo, além da discussão de temas importantes no país, como sustentabilidade”, evidenciou o analista.

Prosseguindo, Niels apresenta outro ponto: o fato de o Brasil estar com um processo de política monetária mais avançado e possuir chances de redução de juros já em 2023. Esses aspectos positivos impactam diretamente na disposição do investidor.

Como esse fluxo influencia na economia brasileira? 

“Conforme aumenta investimentos no país, você tem mais geração de emprego, você tem mais geração de infraestrutura. Isso faz com que a velocidade de crescimento do país suba”, Beto explicitou.

Os estrangeiros, de acordo com ele, vêm ao Brasil com propostas de investimentos a longo prazo, financiando fábricas, comércio e infraestrutura, por exemplo. Então o próprio cidadão brasileiro se beneficiaria com isso, a partir da geração de empregos que essas aplicações trariam.

Considerações sobre o amanhã

Razão preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa de 2013 a 2023. [Fonte: Bloomberg]
Quanto ao futuro, as opiniões divergem. Beto apresenta uma visão mais pessimista, embasada pelas últimas críticas do presidente da República ao Banco Central. Para o analista, isso pode representar insegurança política para os investidores estrangeiros.

Já Niels aponta para uma expectativa de fluxo contínuo de entrada na B3. Segundo ele, a manutenção dos resultados positivos acontece porque a bolsa “possui hoje valuation próximo das mínimas históricas em termos de múltiplos”, e o real ainda está “bastante depreciado.”

No entanto, ambos concordam sobre a necessidade de o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentar e colocar em prática um novo plano fiscal. Assim, a segurança política pode ancorar ainda mais investimentos vindos do exterior. 

Compartilhe em suas redes!

WhatsApp
Facebook
LinkedIn
PUBLICIDADE

Matérias Relacionadas

PUBLICIDADE

Preencha o formulário e receba a melhor newsletter semanal do mercado financeiro, com insights de especialistas, notícias e recomendações exclusivas.

PUBLICIDADE
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?
TradeNews
Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.