A produção industrial japonesa recuou marginalmente em dezembro, frente a novembro, superando com ampla margem as expectativas de queda de 1,2% e mantendo o movimento oscilante característico dos últimos meses. Na comparação anual, entretanto, o indicador apresentou recuo de 2,8%, maior recuo dos últimos 6 meses e segundo mês consecutivo de contração.
Amparada pela demanda reprimida, reabertura das fronteiras e fim da política de COVID zero na China, a indústria japonesa registrou mais demanda por equipamentos de transporte (excluindo veículos motorizados), veículos motorizados e maquinário para produção.
Por outro lado, pesaram sobre o resultado o maquinário geral, ferro, aço e metais não ferrosos, maquinário elétrico, e equipamento eletrônico de comunicação e informação.
O setor secundário japonês deve continuar oscilando, ainda favorecido pela demanda interna que estava represada, pela reabertura das fronteiras, e pela retomada da China e expectativas de “soft landing” nos Estados Unidos, que são os dois principais parceiros econômicos do Japão e respondem por quase 40% de toda a exportação do país.
Além disso, a China também pode ajudar o vizinho através do turismo nos próximos meses, visto que o movimento atual ainda não indica uma retomada das viagens internacionais.
Ao mesmo tempo, a maior taxa de inflação dos últimos 32 anos deve continuar corroendo o poder de compra da população já que o Banco do Japão optou por manter sua taxa de juros em território ultraexpansivo. Embora a autoridade tenha alterado o controle sobre a curva de yield do título de 10 anos, contribuindo para a retomada do iene frente ao dólar e recuperando parte do poder aquisitivo perdido durante o último ano.
Também favorecendo a desaceleração estão a perda do poder de compra real, o aumento dos gastos com defesa e o provável aumento de impostos para custear esse gasto, onerando novamente os consumidores e prejudicando a economia.
Dito isso, acreditamos que a indústria japonesa tem um cenário de curto prazo otimista diante das boas notícias de seus principais parceiros econômicos e presença ainda notável da demanda reprimida, mas no médio prazo o setor deve perder ritmo, em linha com o cenário de recessão e em função do planejamento previsto pelo país.