O Índice de Preços ao Produtor alemão recuou 0,3% em junho, ante maio e registrou alta de 0,1% em relação a junho do ano passado, menor variação desde dezembro de 2020, e que pode ser explicada pela desaceleração dos preços dos bens intermediários e da energia.
Na comparação anual, os preços dos bens de consumo não duráveis registraram alta de 9,4%, bastante influenciados pelos alimentos, em especial o açúcar (91,2%), batatas processadas (35,9%) e a carne de porco (31,1%). Já os bens duráveis avançaram 6,7% no período, especialmente em razão do aumento dos preços dos móveis (7,3%) e eletrodomésticos (7,1%).
Ainda, os bens de capital registraram alta de 6,3%, impulsionados principalmente pelo maquinário (7,8%) e veículos motorizados (5,6%). Por outro lado, os preços dos bens intermediários recuaram 2,7% em relação a junho do ano passado. A principal razão para o recuo foi a redução de 10,6% nos preços dos metais, que pode ser justificado pela forte desaceleração da indústria europeia e das principais potências mundiais no último ano. Outros itens que tiveram queda relevante foram os fertilizantes (-32%) e a madeira (-28,9%).
Ao mesmo tempo, os preços da energia diminuíram 5% em comparação com junho de 2022, efeito resultante da base de comparação extremamente alta do ano passado causado pela guerra da Ucrânia.
Por um lado, a perda de ritmo contínua dos preços na indústria europeia é positiva para as economias europeias e podem gerar um repasse para os consumidores. Ao mesmo tempo, ainda não vemos um efeito dessas reduções, que já duram alguns meses, na ponta final.
Na verdade, a inflação alemã voltou a aumentar em junho e o núcleo da inflação está praticamente na máxima histórica, refletindo a persistência dos preços elevados na principal economia do continente, fato que deve contribuir para manter a posição hawkish do BCE nos próximos meses, pesando ainda mais sobre a atividade do bloco, como comentamos no resultado da inflação dos países do euro ontem.