Em fevereiro, a China apresentou deflação de 0,5% aos consumidores ante janeiro, contrariando expectativas de alta de 0,2%. Na comparação anual, o indicador caiu de 2,1% para 1%, mínima desde fevereiro do ano passado. Além disso, a inflação aos produtores do país ficou estagnada na projeção mensal e acentuou a deflação de 0,8% de janeiro para 1,4% em fevereiro, menor patamar desde novembro de 2020.
Os consumidores observaram preços menores tanto nos alimentos, como em outros produtos. A inflação dos alimentos (2,6% x 6,2% em janeiro) caiu para a mínima de 9 meses influenciada pela redução do preço da carne de porco.
Já a inflação de outros produtos recuou de 1,2% para 0,6%, impactada pelos custos bem menores em transportes (0,1% x 2%), educação (1,2% x 2,4%) e habitação (-0,1% x -0,1%). Em contraste, os preços avançaram mais rapidamente em vestuário (0,7% x 0,6%) e saúde (1% x 0,8%)
Já os produtores viram preços menores pelo quinto mês consecutivo, espelhando a queda de algumas commodities. No mês, os materiais de produção (-2% x -1,4%) recuaram mais em razão de novos recuos nos preços de processamento (-2,6% x -2,3%) e de matérias primas (-1,3% x -0,1%) e uma desaceleração forte no custo de extração (0,3% x 2%).
Enquanto isso, a inflação de bens de consumo moderou (1,1% x 1,5%), principalmente em alimentos (2,6% x 2,8%), bens de uso diário (0,7% x 1,2%) e vestuário (1,6% x 1,9%). Ao mesmo tempo, o custo de bens duráveis recuou 0,2% após subir 0,3% em janeiro.
A deflação na China evidencia a hesitação ainda alta dos consumidores apesar do fim das restrições e o movimento de normalização das cadeias produtivas do país.
Além disso, a queda dos preços deixa o governo chinês com caminho livre para promover mais estímulos fiscais e monetários para impulsionar sua retomada, que já é mais acelerada do que o esperado de acordo com os PMIs mais recentes.
Portanto, a retomada da China deve ganhar ainda mais ritmo nos próximos meses com auxílios governamentais, beneficiando seus principais parceiros econômicos, como o Brasil, e alavancando a economia global e as pressões inflacionárias nos países desenvolvidos, contribuindo para manter as taxas de juros altas no primeiro mundo, em linha com nosso cenário para 2023.
Seguem os gráficos da inflação aos consumidores e produtores, respectivamente: