Benndorf Research
O IPCA de agosto registrou deflação de 0,02%, a primeira do ano. O resultado é um pouco abaixo das expectativas de alta marginal. Na comparação anual, o índice desacelerou de 4,5% para 4,24%, também pouco abaixo das projeções de 4,3% do mercado.
Apesar do resultado, apenas dois dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram variações negativas, mas que foram suficientes para gerar deflação no índice. Habitação (- 0,51%) e Alimentação e bebidas (-0,44%) contribuíram com -0,08 p.p. e -0,09 p.p., respectivamente. Entre as altas, o maior impacto veio da Educação (0,73% e 0,04 p.p.).
No grupo Habitação, o resultado foi influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial (-2,77%), com o retorno da bandeira verde. Além disso, também houve reajustes para preços menores em Porto Alegre, Vitória, São Paulo, São Luís e Belém. Por outro lado, a taxa de água e esgoto (0,44%) subiu em função de reajustes em Fortaleza, Salvador e Vitória.
Em Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio (-0,73%) teve o segundo mês consecutivo de contração, impactada por preços menores da batata inglesa (-19,04%), do tomate (-16,89%) e da cebola (-16,85%), alimentos que passaram por um aumento de oferta. Do lado positivo se destacaram o mamão (17,58%), a banana-prata (11,37%) e o café moído (3,7%). A alimentação fora do domicílio (0,33%) desacelerou em relação ao mês passado (0,39%).
Os Transportes (0%) ficaram estáveis no período, influenciados por alta nos combustíveis (0,61%) graças às variações positivas do gás veicular (4,1%), gasolina (0,67%) e óleo diesel (0,37%). O etanol (-0,18%) recuou, assim como as passagens aéreas (-4,93%).
Como havíamos comentado no resultado do IPCA-15, a inflação cheia de agosto veio mais fraca já que os impactados do reajuste da gasolina pela Petrobras não foram mais contabilizados. Além disso, o aumento da oferta de alguns alimentos e o retorno às aulas contribuíram para aliviar os preços dos principais grupos do índice. Contudo, houve uma deterioração considerável do cenário do ponto de vista inflacionário entre agosto e setembro, com o anúncio da bandeira vermelha 1 para a conta de energia elétrica de setembro, um crescimento bem mais robusto da economia e a chegada da La Niña, que deve impactar a produção de alimentos.