Primeira deflação no Brasil em 10 meses

BRASA

O IPCA-15 de julho registrou variação de -0,07% em relação a junho, marcando a primeira deflação e menor resultado em 10 meses. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o indicador acumula alta de 3,19%, mínima desde setembro de 2020. Ambos os resultados ficaram abaixo das projeções do mercado, indicando uma desaceleração mais forte que o esperado dos preços.

As principais influências de julho vieram de Habitação (-0,94%) e Alimentação e bebidas (-0,4%), que contribuíram com -0,14 p.p. e -0,09 p.p, respectivamente. Entre as altas, o maior impacto e variação vieram de Transportes (0,63% e 0,13 p.p.).

A Habitação foi bastante influenciada pela energia elétrica residencial (-3,45% e -0,14 p.p.), por causa da incorporação do Bônus Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de julho. Além disso, houve recuo nos preços do gás de botijão (-2,1%) e um reajuste de -1,13% em uma concessionária de São Paulo, que foi compensado por reajustes positivos em Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Já a queda em Alimentação e bebidas pode ser justificada principalmente pela alimentação no domicílio (-0,72%), que já havia recuado em junho e reforça a grande possibilidade de vermos esse componente recuar no resultado final do IPCA, algo que marcaria a primeira deflação em seis anos. Entre os alimentos de impacto mais expressivo estão o feijão-carioca (-10,2%), óleo de soja (-6,14%) e o leite longa vida (-2,5%). A alimentação fora do domicílio avançou 0,46% entre meses em virtude da alta do lanche (0,34%).

Nos Transportes, o subitem que puxou a alta foi a gasolina (2,99% e 0,14 p.p.). Entre os demais combustíveis (2,28%), o gás veicular subiu 0,06% enquanto o óleo diesel e o etanol recuaram 3,48% e 0,7%, respectivamente.

A primeira deflação do IPCA-15 em 10 meses mostra que a inflação brasileira deve continuar sua trajetória de desaceleração no curto prazo, com uma provável confirmação da primeira deflação da alimentação no domicílio em seis anos e redução do preço da energia. Contudo, o efeito do Bônus Itaipu é bastante pontual e portanto não terá impacto no restante do ano.

Ao mesmo tempo, a nova alta das soft commodities no mercado internacional causada pelo fim do acordo de grãos entre Rússia e Ucrânia deve gerar algum impacto aqui, e o El Niño pode afetar a semeadura das safras 23/24 nos próximos meses, de modo que esperamos certa retomada na inflação alimentar até o final do ano.

Dito isso, ainda entendemos que o ciclo de cortes de juros não deve ser afetado e muito provavelmente será iniciado em agosto, um mês antes do que previmos, aliviando a pressão sobre o consumo e o crédito e possibilitando um ganho de ritmo na atividade econômica.

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