A produção industrial brasileira ficou inalterada frente a novembro, dando sequência às oscilações observadas ao longo do segundo semestre de 2022. Frente a dezembro de 2021, a produção recuou 1,3% após quatro meses consecutivos de crescimento.
Em 2022, a indústria acumulou queda de 0,7%, após expandir 3,9% em 2021. A produção segue 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia e 18,5% abaixo da máxima histórica computada em maio de 2011.
Em dezembro, três dos quatro grandes grupos econômicos e 11 dos 26 ramos pesquisados mostraram crescimento na produção. As atividades que se destacaram foram coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,1%) e produtos de metal (5,6%). Entre as quedas os itens de maior impacto foram os produtos alimentícios (-2,6%), a metalurgia (-5,1%) e os outros produtos químicos (-3,2%).
Entre as grandes categorias econômicas, os bens de consumo duráveis (4,1%) tiveram a variação mais intensa, seguidos pelos bens de consumo semi e não duráveis (3,2%) e os bens de capital (1,8%). Os bens intermediários (-2,1%) foram o único grupo a assinalar um resultado negativo no mês.
Na comparação anual, os bens de consumo duráveis (-5,8%) e os bens intermediários (-2,6%) recuaram entre os grandes grupos. Já nas atividades, as principais quedas vieram de indústrias extrativas (-4,0%), máquinas e equipamentos (-8,6%) e produtos de madeira (-31,5%).
Em 2022, todos os grupos econômicos computaram contrações, com destaque para os bens de consumo duráveis (-3,3%), enquanto 17 dos 26 ramos tiveram quedas, sendo que as principais influências vieram de indústrias extrativas (-3,2%), produtos de metal (-9,0%) e metalurgia (-5,0%).
Notamos um impacto significante dos bens duráveis, entre os grandes grupos, e das indústrias extrativas, entre as atividades, na comparação anual e no acumulado de 2022, ressaltando o efeito negativo que as taxas de juros mais altas tiveram sobre a demanda por bens mais dependentes do crédito, e a desaceleração da demanda por commodities no ano passado, consequência da perda de ritmo da economia global, principalmente da China, que atravessou restrições severas contra a pandemia.
A conjuntura deve continuar complexa em 2023, com a desaceleração brasileira, os juros altos, a inflação persistente, incertezas fiscais e políticas e a desaceleração da economia global atuando para manter a demanda fraca.
No mais, o endividamento e a inadimplência recordes da população dificultam ainda mais o cenário, mas existe alguma esperança de alívio com programas previstos pelo novo governo para negociar dívidas e ampliar o crédito barato.
Além disso, a retomada da China também deve contribuir parcialmente com a demanda externa. Por fim, outro fator que pode auxiliar a indústria é a recuperação esperada para o setor automotivo com a normalização da oferta de semicondutores, algo que já foi demonstrado pela melhora significante das vendas em janeiro frente ao mesmo período de 2022.
Após o exposto, vemos um cenário ainda muito difícil para a indústria no curto prazo, tendo apenas a China como driver de alívio, mas existem fatores que podem auxiliar o setor a ter um desempenho melhor ao longo do ano.