Produção no Brasil cai pelo terceiro mês

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A produção industrial brasileira confirmou o terceiro mês consecutivo de contração após registrar queda de 0,2% em fevereiro, ante janeiro. Em relação ao mesmo período de 2022, a produção foi 2,4% menor. O acumulado no ano é de -1,1% e nos últimos 12 meses é de -0,2%.

Duas das quatro grandes categorias e nove dos 25 grupos pesquisados registraram recuo na produção. Entre as atividades, as influências negativas mais relevantes vieram de produtos alimentícios (-1,1%), produtos químicos (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%).

Entre as atividades com alta na produção, os destaques foram as indústrias extrativas (4,6%), bebidas (3,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%).

A queda da produção entre os produtos alimentícios e os produtos químicos pode ser justificada pela baixa demanda por derivados de soja e problemas nas exportações para a China em função dos casos de “vaca louca”, no caso do primeiro, e queda nos preços internacionais dos macronutrientes fertilizantes, no segundo. Além disso, a apreciação cambial também desestimulou a produção de vários itens.

Já entre as grandes categorias, os bens de consumo duráveis (-1,4%) e os bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%) ficaram com as variações negativas, enquanto os bens de capital (0,1%) e os bens intermediários (0,5%) ficaram com as variações positivas.

Na comparação anual, duas das grandes categorias e 17 dos 25 ramos pesquisados apresentaram contração. Entre as atividades se sobressaíram os produtos químicos (-8,0%), produtos alimentícios (-3,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,1%).

Do lado positivo os destaques também foram as indústrias extrativas (5,1%), bebidas (8,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,6%).

No âmbito das grandes categorias, os bens de capital (-12,4%) assinalaram a principal queda e foram acompanhados pelos bens intermediários (-2,8%). As variações positivas ficaram com os bens de consumo semi e não duráveis (0,2%) e os bens de consumo duráveis (2,1%).

A nova queda da produção industrial está em linha com a desaceleração da economia brasileira em meio a uma taxa de inflação acima da meta, desemprego elevado, endividamento e inadimplências recordes e taxa de juros alta, pesando principalmente sobre o setor de duráveis e bens de capital. Além disso, a deterioração do cenário externo também é ruim para o Brasil.

Entretanto, o ganho de tração da China ao longo do ano e as expectativas de cortes de juros no segundo semestre do ano devem aliviar as pressões internas e colocar o Brasil na contramão dos países desenvolvidos, que tendem a perder ritmo nos próximos meses.

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