Produção no Brasil normaliza após impactos das enchentes

Por Benndorf Research 

 

A produção industrial brasileira teve crescimento marginal em agosto frente a julho, após recuar 1,4% em julho e avançar 4,4% em junho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a indústria avançou 2,2%, terceira taxa positiva consecutiva, mas menor da sequência. Com isso, o setor industrial apontou crescimento de 3,0% nos oito meses de 2024. No acumulado nos últimos doze, o avanço foi de 2,4%, acelerando em relação aos resultados anteriores.

Na comparação mensal, apenas 7 das 25 atividades pesquisadas tiveram variação positiva, sendo as indústrias extrativas (1,1%) a principal influência. Outras contribuições significantes vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,6%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,0%) e de produtos químicos (0,7%).

Entre as negativas se destacaram a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,3%), produtos diversos (-16,7%) e impressão e reprodução de gravações (-25,1%). Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis (0,4%) e bens intermediários (0,3%) tiveram as variações positivas, enquanto bens de capital (-4%) e bens de consumo duráveis (-1,3%) atuaram na ponta contrária.

Já na comparação anual, 18 das 25 atividades apresentaram taxas positivas e as quatro grandes categorias econômicas avançaram. Entre as atividades, as principais influências positivas vieram de indústrias extrativas (5,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (12,6%) e produtos químicos (5,6%). Do lado negativo, os impactos mais relevantes vieram de produtos alimentícios (-2,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%) e impressão e reprodução de gravações (-25,1%).

Entre as grandes categorias, os bens de consumo duráveis (12,1%) tiveram a expansão mais acentuada e foram seguidos pelos bens de capital (4,9%), bens intermediários (2,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (0,4%).

Após dois resultados contrastantes em junho e julho, que podem ser justificados pela retomada das atividades que foram impactadas pelas enchentes no RS e um ajuste à base de comparação mais elevada, vemos uma normalização da produção industrial em agosto. Dito isso, apesar do setor ter mostrado força em setembro com uma retomada da demanda por bens de capital, esperamos uma desaceleração desses segmentos mais cíclicos e atrelados aos juros tendo em mente a política monetária restritiva que deve perdurar ao menos pelo próximo semestre para conter as pressões inflacionárias elevadas e a possibilidade de mais desvalorização cambial

 

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