Produção no Brasil recua frente à base de comparação alta

BRASA

A produção industrial brasileira recuou 1,4% em julho, após ter avançado 4,3% no mês anterior. Na comparação com julho de 2023, o índice apresentou crescimento de 6,1%, levemente abaixo das projeções de 6,3% do mercado. Com isso, o setor industrial apontou crescimento de 3,2% nos sete primeiros meses de 2024.

Duas das quatro grandes categorias econômicas e somente sete dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram recuo na produção. Entre as atividades com recuo se destacaram os produtos alimentícios (-3,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%) e indústrias extrativas (-2,4%), a atividades que juntas representam cerca de 43% do resultado geral. Os produtos alimentícios foram impactados pela queda na produção de açúcar, afetada pela seca na região Centro-Sul, de carnes de bovinos e de produtos derivados da soja; os derivados de petróleo também sofreram com o processamento da cana-de-açúcar; e nas indústrias extrativas pesaram os resultados negativos do minério de ferro e do petróleo. Entre as atividades que expandiram, veículos automotores, reboques e carrocerias (12%), produtos de metal (8,4%) e produtos diversos (18,8%) se sobressaíram.

Já entre as grandes categorias econômicas, os bens de consumo semi e não duráveis (-3,1%) teve o declínio mais acentuado, seguido pelos bens intermediários (-0,3%). Por outro lado, os bens de capital (2,5%) e os bens duráveis (9,1%) cresceram. Entre anos, quatro das quatro grandes categorias econômicas, 21 dos 25 ramos tiveram variações positivas. As atividades com maior impacto foram veículos automotores, reboques e carrocerias (26,8%) e produtos químicos (10,5%), impulsionadas, em grande medida, pela maior produção dos itens automóveis, autopeças, caminhão-trator para reboques e semirreboques, veículos para o transporte de mercadorias e caminhões, na primeira; e fungicidas para uso na agricultura, tintas e vernizes para construção, desinfetantes, herbicidas para plantas, fertilizantes químicos das fórmulas NPK, inseticidas para uso na agricultura, polietileno linear, etileno não saturado e poliestireno, na segunda. É importante destacar que julho de 2023 teve dois dias úteis a mais do que em 2024.

Entre as atividades negativas, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%) exerceu a maior influência na formação da média da indústria, pressionada, principalmente, pela menor produção dos itens óleo diesel, naftas, gás liquefeito de petróleo (GLP) e álcool etílico. Entre as grandes categorias, os bens de consumo duráveis (31,7%) e os bens de capital (17,3%) tiveram os melhores números, amparados pela melhora do cenário para esses bens mais cíclicos, e foram seguidos pelos bens de consumo semi e não duráveis (5,5%) e bens intermediários (4%).

Grande parte da queda do mês de julho pode ser atribuída à base de comparação de junho, que contou com a retomada das atividades que foram impactadas direta ou indiretamente pelas enchentes no RS, de modo que ainda vemos uma tendência positiva no setor no início do terceiro trimestre. Contudo, através do PMI já vemos uma desaceleração relevante do setor, principalmente em função da desvalorização cambial, que gerou aumento nos custos de insumos, algo também refletido no IPP. Portanto, tendo em mente um cenário de retomada do ciclo de alta de juros, esperamos que a indústria volte a ter seu desempenho prejudicado nesses últimos meses do ano, especialmente os segmentos mais elásticos aos juros, como bens de capital e bens duráveis.

 

 

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