Os papéis do Grupo Casas Bahia [BHIA3] disputaram a liderança entre as perdas do Ibovespa nesta quinta-feira (09). Por mais que oscilações de dois dígitos sejam normalidade para uma ação literalmente de centavos, o motivo para os mais de 12% de baixa na sessão deixa a companhia novamente em foco.
Investidores repercutem hoje o balanço da antiga Via no terceiro trimestre, o qual registrou prejuízo de R$ 836 milhões – aumento de 311% ante o mesmo período em 2022. Analistas da XP Investimentos classificaram o balanço como “muito fraco”, projetando ainda uma exclusão de BHIA3 do Ibovespa no próximo rebalanceamento.
Para a divisão de análise da corretora, a varejista tem risco significativo de ser removida dos principais índices da B3 devido aos critérios relacionados a penny stocks – ações cotadas a menos de R$ 1.
A carteira do Ibovespa vai passar por rebalanceamento em 2 de janeiro de 2024, e a primeira prévia está prevista para 1º de dezembro. O Grupo Casas Bahia, atualmente, tem peso de 0,06% no principal índice da B3.
O de baixo desce
A desvalorização de BHIA3 nesta quinta-feira se traduz em um novo pivô de baixa no gráfico diário, explica o analista técnico Filipe Borges. “Ontem tivemos um bom candle de reversão na região de retração de Fibonacci, o que destravaria um bom gatilho de venda no pregão de hoje.”
A ação realmente rompe mínimas, prossegue o especialista, e o suporte mais próximo é R$ 0,50. Abaixo desse patamar, a mínima limite vai para R$ 0,44, que, se rompidos, dão lugar a um alvo entre R$ 0,28 e R$ 0,21 no curto prazo.
“Não tem nenhuma indicação de compra nesse ativo”, frisou Filipe Borges. Caso estivesse comprado no papel, encerraria a posição abaixo dos R$ 0,50 e, em último caso, abaixo dos R$ 0,44.

Por que piorou
O aprofundamento do prejuízo do Grupo Casas Bahia, diz a XP, originou-se do impacto do cenário macroeconômico no faturamento e, simultaneamente, das medidas de reestruturação da companhia nas margens financeiras. A corretora reiterou recomendação “neutra” para os papéis, com preço-alvo de R$ 0,70.
A rentabilidade foi o destaque negativo do balanço da varejista, pressionada pelos custos da reestruturação. Uma performance abaixo do esperado no segmento de cartões de crédito em parceria com outros players colaborou para deteriorar os indicadores financeiros do grupo Casas Bahia, que também enfrentou gastos com maior pagamento de processos trabalhistas.
Os fatores negativos mais que se sobrepuseram à compensação que poderia vir com otimizações de despesas com marketing e redução e funcionários, completaram os analistas da XP.
Todavia, a corretora observou que o plano de transformação do Grupo está dentro do esperado, com oportunidades adicionais de até R$ 500 milhões já mapeadas. Ainda assim, a diretoria da varejista destacou a geração de caixa atual como insuficiente para cumprir com as obrigações.