Rússia e a Ucrânia concordaram nesta sexta-feira em retomar as exportações do Mar Negro. Esta é a primeira negociação dos países desde o início da guerra. O acordo é válido por um período de 120 dias e poderá ser renovado, disse um alto funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU). A medida estabelece que a Ucrânia exportará cerca de 5 milhões de toneladas de grãos por mês, o equivalente ao seu nível anterior à guerra, segundo informou o funcionário.
O encontro ocorreu na Turquia e teve participação de representantes de Moscou e Kiev e mediação do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Também estava presente o secretário-geral da ONU, António Guterres, que desde o início do conflito tentava avançar nas negociações e evitar a perspectiva de uma crise alimentar. “Não tenham dúvidas – este é um acordo para o mundo”, disse o Guterres. “Trará alívio para os países em desenvolvimento à beira da falência e as pessoas mais vulneráveis à beira da fome.”
A implementação do acordo, no entanto, pode ser dificultada pelos limites de circulação dos navios nos campos minados do Mar Negro. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia colocaram minas marítimas, que representam um perigo para o movimento de qualquer navio na área. O acordo prevê que navios comerciais naveguem pelas águas da Ucrânia guiados por pilotos ucranianos e possivelmente embarcações de busca e salvamento ucranianos para ajudá-los a evitar minas marítimas, disse a autoridade da ONU. Um centro de coordenação conjunto será estabelecido em Istambul para verificar os navios que se dirigem à Ucrânia e garantir também que não estejam contrabandeando suprimentos militares.
A Ucrânia informou à ONU que precisaria de cerca de 10 dias para preparar seus portos para retomar totalmente as exportações de grãos. “Acho que estamos falando de algumas semanas antes de vermos a implementação adequada de navios entrando e saindo, mas não me surpreenderia e espero que não surpreenda você ver o movimento inicial de navios apenas para mostrar que (o acordo) pode funcionar”, disse um funcionário da ONU.
(Agência Estado, com Dow Jones Newswires)