O nível de atividade da indústria brasileira caiu 3,6 pontos em agosto para 50,4 pontos, sinalizando uma desaceleração significante no setor e marcando o menor nível desde o início do ano.
As crescentes pressões de custos, que atingiram a máxima desde março de 2022 e o esgotamento da demanda levaram os produtores a reduzirem a produção pela primeira vez em 2024. No mais, os novos pedidos cresceram na velocidade mais lenta dos últimos 8 meses, com as vendas deprimidas nos Estados Unidos e no Mercosul sendo parcialmente compensadas pela demanda aumentada dos mercados da Ásia e do Oriente Médio.
Apesar dos desafios apresentados na metade do terceiro trimestre, o segmento continuou contratando trabalhadores em função do alto nível de confiança dos negócios e planos para expansão de plantas, diversificação de produtos e investimento. As compras de insumos e os níveis de estoques ficaram mais restringidos à medida que as empresas optaram por utilizar estoques de segurança em meio à deterioração do desempenho dos fornecedores.
Por último, o otimismo em relação à produção futura permaneceu alto diante do cenário de expectativa de potenciais melhorias no ambiente econômico.
A perda de ritmo da indústria em agosto pode ser justificada pela manutenção dos juros em patamares ainda bastante elevados e, principalmente, pela deterioração da taxa de câmbio, que alavancou a inflação e prejudicou a demanda de modo generalizado. Portanto, devemos monitorar o setor de forma mais atenta diante da conjuntura atual de desvalorização do real frente ao dólar e um Copom mais hawkish, com possibilidade real de aumento de juros na reunião de setembro, algo que, se confirmado, causará ainda mais pressão sobre o setor secundário e prejudicará as empresas cíclicas.
