O índice de preços aos consumidores chineses apresentou deflação de 0,1% em abril, terceiro mês consecutivo de resultados negativos. Em relação ao mesmo período do ano passado, o indicador acumula variação de 0,1%, menor taxa desde fevereiro de 2021, refletindo a recuperação desigual da economia chinesa, que é amplamente amparada pelos serviços à medida que a indústria fica para trás.
O núcleo da inflação ficou inalterado em 0,7% a/a. Os alimentos recuaram para a mínima de 13 meses e passaram de 2,4% em março para 0,4% em abril, muito influenciados pela desaceleração do custo da carne de porco e de vegetais frescos.
Além disso, o preço dos bens não alimentícios também continuou perdendo ritmo (0,3% em março x 0,1% em abril), impactados principalmente por novas quedas nos transportes (-1,9% x -3,3%) e
habitação (-0,2% x -0,3%). Por outro lado, a inflação permaneceu estável na saúde (1%) e acelerou na educação (1,4% x 1,9%).
Reforçando o que destacamos na introdução, o terceiro mês de deflação aos consumidores da China reforça o fato de que há uma recuperação desigual no país, muito voltado aos serviços e ao varejo, mas até mesmo esses estão em níveis abaixo dos registrados no período pré-pandemia.
Dito isso, a lentidão na recuperação chinesa pode arrastar ainda mais as economias desenvolvidas e atrasar a melhora no cenário brasileiro. Ao mesmo tempo, essa demora na recuperação deve manter a pressão sobre as commodities baixa, favorecendo a queda da inflação global.
Contudo, os dados contínuos de deflação aos consumidores e na indústria abrem muito espaço para o governo chinês promover estímulos fiscais para alavancar o nível de atividade do país. Portanto, ainda mantemos o cenário de recuperação chinesa em 2023, com foco no segundo semestre do ano.