As forças ucranianas comunicaram que atingiram outra base em Kherson, cidade ucraniana ocupada pela Rússia, enquanto os líderes da Turquia e das Nações Unidas aguardam para se reunir com o presidente Volodymyr Zelensky. O encontro tem como foco as discussões sobre remessas de alimentos da Ucrânia e a situação cada vez mais tensa na usina nuclear de Zaporizhzhia.
As forças armadas do comando sul da Ucrânia afirmaram que atingiram um depósito de munição na vila de Bilohirka, perto da linha de frente dos combates na região de Kherson. O ataque com foguete é o mais recente de uma série que têm como alvo a logística da ocupação russa no sul – parte de uma estratégia para matar as tropas russas de fome na região de suprimentos e forçá-las a se retirarem do território que estão mantendo a oeste do Rio Dniepre.
Um dia antes, os militares ucranianos postaram um vídeo nas redes sociais que, aparentemente, mostrava as consequências de um ataque de foguete de longo alcance em Nova Kakhovka, uma região também de Kherson. Além disso, na terça-feira (16), sabotadores pró-ucranianos destruíram um depósito de munição, apreendido pela Rússia em 2014, na Crimeia
Hoje, vídeos nas redes sociais também mostraram grandes explosões durante a noite em Amvrosiivka, cidade ucraniana sob controle russo, na região leste de Donetsk. As autoridades ucranianas não comentaram imediatamente a causa.
À medida que aumentam os ataques ucranianos dentro do território controlado por Putin, as forças da Rússia tentam reprimir os insurgentes pró-ucranianos. Um veterano do exército ucraniano foi preso na região de Kherson por suspeita de enviar a localização de tropas e bases russas para as forças de Zelensky, segundo agências de notícias estatais russas nesta quinta-feira (18).
Além disso, o serviço federal de segurança da Rússia disse ontem que deteve seis cidadãos russos na Crimeia, que pertenciam a uma célula que espalhava o que chamou de ideologia terrorista com o apoio de emissários ucranianos, de acordo com a RIA Novosti – uma das maiores agências noticiosas da Rússia.
Enquanto isso, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, estiveram hoje na cidade ucraniana de Lviv para reuniões sobre o acordo que Ancara ajudou a intermediar com a ONU para suspender um bloqueio naval russo às exportações ucranianas, o que levou à escassez de alimentos em todo o Oriente Médio e África. Mais quatro navios carregados com produtos agrícolas partiram de portos ucranianos na quarta-feira (17) sob o acordo, segundo autoridades turcas.
Também é esperado que Guterres discuta o impasse na usina nuclear de Zaporizhzhia com o Zelensky. Explosões dentro e ao redor da usina, área ocupada por forças russas, derrubaram um reator da rede elétrica, feriram pelo menos um funcionário da usina e levaram a temores de outra catástrofe nuclear, como o colapso de 1986 em Chernobyl, no norte da Ucrânia.
“Somente transparência absoluta e controle da situação dentro e ao redor [da usina] podem garantir um retorno gradual à segurança nuclear normal para o Estado ucraniano, à comunidade internacional” e a agência internacional de energia atômica (AIEA), disse Zelensky em um discurso publicado ontem à noite. “O exército russo deve se retirar do território da usina nuclear e de todas as áreas vizinhas e remover seu equipamento militar da usina.”
A Rússia disse que daria acesso aos inspetores da AIEA – mas apenas se eles vierem através do território controlado pela Rússia e não através de Kiev, um plano ao qual a Ucrânia se opõe.
O ministério da defesa russo também afirmou que a Ucrânia estava planejando uma provocação de bandeira falsa para amanhã na usina nuclear de Zaporizhzhia para enquadrar as forças de ocupação.
Operações de bandeira falsa são aquelas conduzidas por governos e organizações que aparentam terem sido realizadas pelo inimigo, com o objetivo de os responsáveis não serem culpados pelas consequências.
O major general Igor Konashenkov, porta-voz do ministério da defesa russo, não forneceu evidências para apoiar a alegação. Enquanto isso, o chefe dos territórios ocupados de Zaporizhzhia, instalado na Rússia, disse que existe um plano para evacuar os moradores em caso de ataque à usina. Kiev não respondeu imediatamente à acusação. O ministério também disse nesta quinta-feira que Moscou considera fechar a usina nuclear de Zaporizhzhia se a situação em torno da instalação continuar a se deteriorar.
O governo ucraniano, os órgãos de vigilância internacionais de energia nuclear e a equipe da usina acusaram a Rússia de roubar o poder de Zaporizhzhia cortando sua conexão com o território remanescente da Ucrânia.
Em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, um míssil russo atingiu um prédio residencial no bairro de Saltivka na noite de ontem, matando sete pessoas e ferindo pelo menos mais 17, segundo o prefeito da cidade. Mais mísseis lançados da Rússia atingiram a cidade na manhã de quinta-feira, matando mais duas pessoas.
O ministério da defesa da Rússia disse que suas forças estavam atacando combatentes estrangeiros.
(Com The Wall Street Journal)