As vendas no varejo brasileiro cresceram 0,1% frente a março. Pelo quarto mês consecutivo o indicador não registra uma variação negativa. Em relação a abril de 2022, as vendas no varejo cresceram 0,5%. Ambas as variações ficaram abaixo das expectativas do mercado. No comércio varejista ampliado, o volume de vendas caiu 1,6% ante março e cresceu 3,3% ante abril/22.
Cinco das oito atividades pesquisadas recuaram no período, sendo que as variações mais expressivas vieram de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%), impactados pela variação do dólar, Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-1,9%), ambas refletindo a redução da demanda.
As taxas positivas ficaram com Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,2%), sendo que este último pode ser explicado pelas vendas de páscoa. No comércio varejista ampliado, as vendas de Veículos e motos, partes e peças caíram 5,9%, enquanto Material de construção recuou 0,8%.
Em relação a abril do ano passado, também cinco atividades registraram contração, com destaque para Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-18,0%), Tecidos, vestuário e calçados (-11,0%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,8%). Os três avanços vieram de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,0%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,1%) e Combustíveis e lubrificantes (8,7%). No comércio varejista ampliado, o volume de vendas de Veículos e motos, partes e peças caiu 1,9% e o Material de construção caiu 7,6%.
Observamos um varejo bastante lento em função da retomada do desemprego, manutenção dos juros elevados e níveis recordes de endividamento e inadimplência. Esse cenário deve se manter até a metade do segundo semestre, quando esperamos o início do ciclo de corte de juros e reflexos da melhora na economia chinesa, fatos que beneficiam a atividade econômica interna.
Outro impacto positivo no consumo pode vir do programa de perdão e renegociação de dívidas, o Desenrola, que promete atingir 40 milhões de pessoas.
Dito isso, reforçamos que os ativos de consumo interno começam a ganhar mais visibilidade em meio à queda da inflação e das expectativas de inflação, bem como conjuntura de corte nos juros, mas ainda é cedo para entrar de cabeça no setor e a seletividade é fundamental.