As ações de varejo foram protagonistas da sessão desta terça-feira (07) e fecharam em forte alta. A liderança dos ganhos, no entanto, ficou com um dos desamores do mercado em 2023: Magazine Luiza [MGLU3]. A companhia viu sua ação levar um duro golpe neste ano, sofrendo uma desvalorização de mais de 30%.
No entanto, o cenário parece estar mudando.
A continuidade do ciclo de quedas da Selic – ainda que sem acelerar os cortes –, sinalizada pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro, e os dados mais favoráveis nos Estados Unidos tiveram como consequência, mesmo que momentânea, uma euforia bem-vinda aos ativos cíclicos.
O que dizem os gráficos
O papel do Magazine Luiza teve uma valorização de 23,78% no pregão de hoje, e Filipe Borges, analista técnico que projetou a forte queda registrada pela ação, parece ter mudado sua avaliação da empresa, pelo menos por agora.
“Vejo espaço para esse papel continuar subindo nos próximos dias”, afirmou.
A forte alta de MGLU3 nesta terça-feira levou o ativo a superar os R$ 1,70, o que havia ocorrido pela última vez no dia 18 de outubro. “[Houve] um fluxo de compra muito grande e isso [se] traduziu em alta forte nesse papel. Então, temos um cenário diferente do último que avaliamos”, observou Filipe Borges.
Nesta última queda, o analista havia entrado na ponta vendida do papel e, com a operação, obteve 30% de lucro.
Entretanto, para quem olha para a performance ruim das varejistas no ano e pensa em iniciar uma operação de venda no papel, Filipe joga um balde de água fria: “eu aguardaria agora para novas vendas”. Em relação aos investidores que estão comprados na ação, o especialista indica manter a compra ativa, com um stop abaixo do candle diário de hoje, abaixo dos R$ 1,40.
Segundo ele, há espaço para que MGLU3 siga em alta nos próximos dias.
Filipe alerta que há uma retração no gráfico semanal do ativo nos R$ 2,12 e, caso essa região seja rompida, abre-se a possibilidade de MGLU3 realizar um repique maior e retornar para os R$ 2,40 – um ponto mais difícil de ser rompido e ótimo para realização de lucros para os comprados, sinalizou o analista.
“Para quem está de fora, [indico] aguardar uma correção nas médias no gráfico de 60 minutos para avaliar. Se não, aguarde a próxima oportunidade.”
O fantasma dos juros
O início do ciclo de quedas nos juros do Brasil na reunião de junho e, especialmente, os dados do payroll americano na semana passada – os quais indicaram um esfriamento no mercado de trabalho dos EUA – fizeram o humor do mercado mudar da água para o vinho em relação à trajetória dos juros no Brasil e no mundo.
Niels Tahara, analista de varejo da Eleven, sinaliza que, embora o cenário esteja mais otimista, o Magazine Luiza deve levar um tempo para voltar a apresentar resultados satisfatórios. “Tendo em vista o maior nível de alavancagem e a expectativa de juros ainda elevados ao final de 2024, mesmo após as quedas esperadas”, justificou.
Além disso, por ser de um setor bastante dependente de crédito e focar em produtos de ticket médio mais elevado, a varejista tende a ter uma recuperação mais gradual, destacou Tahara.
“Dito isso, apesar de esperarmos uma melhora, o cenário competitivo também se mostra diferente de antigamente, com o Mercado Livre [MELI34] sendo o grande destaque do setor e maior competição de empresas internacionais.”
Em relação ao longo prazo, o analista frisa que a relação entre risco e retorno do papel de Magalu melhorou, principalmente com o foco da empresa em aumentar as margens de serviços, que vêm se mostrando mais rentáveis. “O fluxo de caixa também tem apresentado melhora, mas ressaltamos se tratar ainda de um case mais arriscado.”