Vendas no varejo alemão despencam inesperadamente

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As vendas no varejo alemão despencaram inesperados 5,3% em dezembro, ante novembro, contrariando completamente as expectativas de crescimento de 0,2%. Deixando evidente o impacto da inflação recorde e das incertezas elevadas sobre os consumidores ao registrar a maior queda mensal desde julho de 2021. Frente ao mesmo período do ano anterior, o indicador registrou queda de 6,4%.

Por fim, o resultado total de 2022 foi um recuo de 0,6%, novamente reforçando o impacto severo que a inflação teve sobre o consumo real.

Em 2022, as vendas de alimentos recuaram 4,6%, maior queda da série histórica, denotando os impactos da alta dos alimentos ao longo do ano passado e as restrições ao setor de catering. Por outro lado, as vendas de produtos não alimentícios avançou 2%, atingindo o maior volume de negócios desde o início da série histórica.

Entre todos os ramos do varejo, as vendas de têxteis, vestuário, calçados e marroquinaria registraram o avanço mais significante ao crescer 27% no ano. Entretanto, mesmo com esse crescimento o setor não conseguiu recuperar todas as perdas registradas nos dois anos iniciais de pandemia.

Apesar do auxílio governamental com as contas de gás natural e aquecimento e a consequente queda significante da inflação no período, os alemães preferiram economizar durante o natal em meio à desaceleração da economia, expectativas de recessão em 2023 e pessimismo ainda alto.

Prevemos novas desacelerações no 1T23 já que o BCE deve manter sua trajetória hawkish para controlar a inflação e os indicadores de sentimento ainda apontam para uma situação atual ruim.

No mais, esperamos algum impacto no mercado energético resultante da proibição da importação de derivados de petróleo russo a partir de 5 de fevereiro, algo que deve refletir na inflação se não houver novos estímulos fiscais. Em contraponto, a retomada chinesa pode contribuir para um repique da atividade na Alemanha.

Por fim, frente às expectativas de manutenção do cenário de deterioração no continente europeu, esperamos que o capital siga migrando para os Estados Unidos e países emergentes com cenário melhor, como Brasil e China, em busca de proteção e rentabilidade, respectivamente.

Sendo assim, podemos ver empresas large cap recebendo capital estrangeiro, mas o risco político é um fator de risco que pode influenciar a entrada nos mercados nacionais.

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