Via [VIIA3], uma questão de conjuntura

[Fonte: Divulgação/Grupo Casas Bahia]

O Grupo Casas Bahia [VIIA3] se desvalorizou em torno de 80% de julho para cá. Cotadas a menos de R$ 0,80 nesta terça-feira (19), as ações são a mais nova penny stock entre as varejistas – reflexo de um mercado descontente com uma oferta subsequente que captou quase R$ 400 milhões abaixo do previsto. 

A companhia realizou neste mês uma oferta primária de ações com objetivo de arrecadar R$ 1 bilhão. A ausência de demanda do mercado por mais VIIA3 foi o principal obstáculo: os papéis foram precificados a R$ 0,80, 36,5% de desconto frente ao pregão antes do anúncio da oferta. 

Além de diluir significativamente o poder dos atuais acionistas, a companhia arrecadou somente R$ 622,9 milhões, bem abaixo do valor projetado.

O passado não se repete, mas rima 

Trata-se do segundo aumento de capital da empresa em três anos. Em 2020, houve um follow-on que levantou mais de R$ 4 bilhões. Nesse intervalo, a varejista mudou de nome duas vezes – de Via Varejo para Via, em 2021, e de Via para o atual Grupo Casas Bahia. 

O nome mudou, o caixa piorou. Aparentemente, a empresa percebeu e tentou disfarçar. 

Conforme reportado com exclusividade pelo TradeNews em julho, com dados de uma grande gestora de investimentos brasileira, a então Via estaria realizando uma quase “maquiagem” nos reportes trimestrais, a fim de retardar o entendimento do mercado sobre seu real estado financeiro.

As manobras não são ilegais e são utilizadas por outras varejistas – como o Grupo Pão de Açúcar [PCAR3], cujo endividamento também é maior que os balanços dão a entender –, mas a ausência dos devidos esclarecimentos, costumeiramente feitos por outras empresas, é sintomático. 

As discrepâncias entre balanço e realidade só atrasaram o entendimento da situação do Grupo Casas Bahia pelos credores, frisou um analista da referida gestora de fundos. No fim das contas, os problemas financeiros são resultado de má administração pura e simples, completou.  

Quer pagar quanto? 

Nesta semana, a gestora que havia nos fornecido as informações sobre a contabilidade do Grupo Casas Bahia informou ao TN que não possui mais posição vendida em VIIA3 desde antes da realização do follow-on.

Para um analista da casa, a empresa provavelmente terá que passar por uma reestruturação de seu passivo, sendo “improvável conseguirem levantar o capital suficiente para colocar a companhia em solvência novamente”.

O mercado, em geral, prefere assistir de longe o desenrolar da situação da empresa, a julgar pelas recomendações de investimento registradas pela Bloomberg. A posição neutra domina entre as casas de research, incluindo o Citi. 

Também entre os grandes players, o Morgan Stanley recomenda a venda de VIIA3 desde janeiro, enquanto o Goldman Sachs assumiu a mesma recomendação em julho. 

Apenas Banco Safra e Eleven Financial recomendavam compra para o papel até a publicação desta matéria. Contatada pelo TN antes da publicação da reportagem, a Eleven informou que a recomendação da casa para a empresa passou para neutra, pendente de atualização na Bloomberg.  

Painel de recomendações de VIIA3 em 19 de setembro de 2023. [Fonte: Bloomberg]
Para operações no curto prazo, o analista técnico Filipe Borges, da Benndorf Research, não vê oportunidades de compra para as próximas semanas. VIIA3 estava em pivô de baixa desde o rompimento dos R$ 1,60 e se encontra em região de alvo, que fica entre R$ 0,60 e R$ 0,65. 

A ação deve continuar andando de lado, “até sofrendo um pouco mais”, segundo o analista.

 

*Reportagem escrita em conjunto com Isabela Jordão. 

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