Viés de ancoragem nos investimentos: entenda, previna-se e otimize seus ganhos

viés de ancoragem nos investimentos

Somos menos racionais do que pensamos. A mente humana muitas vezes é enganada por armadilhas cognitivas que podem impactar significativamente as decisões, inclusive as financeiras — incluindo as sobre investimentos. Um desses fenômenos é o viés de ancoragem, uma tendência psicológica na qual indivíduos confiam demais em uma informação inicial ao tomar decisões, seja ela coerente ou não com a realidade.

O que é viés de ancoragem?

O viés de ancoragem ocorre quando uma pessoa se baseia excessivamente em informações iniciais ou “âncoras” ao fazer julgamentos ou tomar decisões. Essas âncoras podem ser números, valores ou qualquer tipo de informação que influencie a percepção subjetiva de uma situação.

Mesmo que essas âncoras sejam irrelevantes ou pouco confiáveis, elas podem exercer forte influência sobre as escolhas das pessoas. Trata-se, de uma tendência cognitiva que faz peso sobre as decisões humanas.

Aplicação nos investimentos

No contexto dos investimentos, o viés de ancoragem pode levar investidores a tomar decisões irrefletidas com base em informações que podem não traduzir a realidade do mercado.

Por exemplo, um investidor pode ancorar seu julgamento em um preço de ação inicialmente alto, presumindo que esse preço seja justo, o que pode levá-lo a comprar ações a um valor inflado. Da mesma forma, um investidor pode ser relutante em vender uma ação mesmo quando o valor de mercado indica claramente a necessidade de fazê-lo, simplesmente porque o preço inicial ao qual ele comprou está ancorado em sua mente.

“No mercado brasileiro, o viés de ancoragem é frequentemente observado quando os
investidores focam exclusivamente no valor nominal em reais de seus investimentos, sem
considerar o contexto de desvalorização da moeda ao longo do tempo”, aponta Rodrigo Correa, estrategista de investimentos da Nomos.

Como o viés mexe com seu cérebro na prática

Um exemplo de investimento guiado por viés de ancoragem é quando investidores optam por aplicações em renda fixa devido à aparente estabilidade do retorno em reais (R$), “sem perceber que, na verdade, estão perdendo poder de compra devido à desvalorização contínua da moeda brasileira ao longo dos anos”.

Tal âncora no valor nominal pode levar a decisões financeiras “subótimas”, ignorando a importância de proteger o capital contra a inflação e a perda de valor real, definiu Correa.

No caso da inflação, prossegue o especialista, títulos atrelados aos índices de inflação ainda que mais voláteis, são economicamente mais seguros que títulos atrelados ao CDI. Quanto à questão cambial, diversificar a carteira com investimentos atrelados a moedas fortes — como o dólar americano, euro, iene japonês —, será mais seguro para a manutenção do poder de compra do portfólio medido nessas moedas, apesar do risco de volatilidade.

Outro exemplo citado por Rodrigo Correa é quando investidores de varejo se preocupam excessivamente com uma ação atingindo sua máxima histórica.

“‘Ih, Rodrigo, esse papel está nas máximas históricas. Será que já não passou a oportunidade de entrar nele?’ – escuto comentários desse tipo quase diariamente”, relata. É possível interpretar erroneamente esse marco como um sinal de que o preço da ação está sobrevalorizado, sem analisar de forma adequada os fundamentos da empresa.

Tal viés de ancoragem pode levar a decisões precipitadas de venda ou evitação de investimentos promissores, “sem considerar se o preço atual reflete fielmente o valor intrínseco da empresa ou se há perspectivas positivas de crescimento futuro”. Em ambos os casos, completa, o viés de ancoragem pode prejudicar significativamente o desempenho financeiro dos investidores no longo prazo.

Como evitar o viés de ancoragem nos investimentos

1. Conscientização: O primeiro passo para evitar o viés de ancoragem é estar ciente de sua existência e de como ele pode influenciar suas decisões. Ao reconhecer quando você está sendo influenciado por uma âncora, você pode tomar medidas para corrigir seu pensamento.

2. Pesquisa e Diversificação: Em vez de confiar apenas em uma única fonte de informação ou em um único ponto de referência, é essencial realizar uma pesquisa abrangente e diversificada ao tomar decisões de investimento. Isso ajuda a evitar a dependência excessiva de uma âncora específica.

3. Definição de Metas e Estratégias: Leia-se estabelecer metas de investimento claras e desenvolver estratégias bem definidas para alcançá-las. Ao se ter um plano de investimento sólido em vigor, o investidor fica menos propenso a ser influenciado por âncoras irrelevantes.

4. Revisão Regular: É necessário revisão regular dos próprios investimentos para garantir que as decisões sejam baseadas em dados recentes e relevantes, em vez de apegadas a informações antigas ou desatualizadas.

5. Análise Independente: Buscar informações de várias fontes e leve em consideração uma variedade de perspectivas antes de tomar decisões de investimento. “Evite depender exclusivamente de uma única fonte ou opinião”, aconselha o especialista da Nomos.

6. Estabelecer Critérios Claros: Antes de tomar uma decisão de investimento, é importante definir critérios claros e objetivos para orientar as escolhas. Isso ajuda a reduzir a influência de pontos de referência arbitrários.

Conclusão

O viés de ancoragem é uma armadilha cognitiva comum que pode prejudicar o sucesso dos investidores. No entanto, ao estar ciente desse fenômeno e adotar práticas para evitá-lo, os investidores podem tomar decisões mais informadas e maximizar seus retornos financeiros.

O pior dano que pode resultar de se guiar por um viés de ancoragem nos investimentos é a perda significativa de capital. Ao fixar-se em uma âncora arbitrária, diz Correa, os investidores podem ignorar sinais importantes do mercado e tomar decisões financeiras prejudiciais. “Isso pode levar a perdas financeiras substanciais e afetar negativamente os objetivos de longo prazo, como aposentadoria ou segurança financeira.”

É fundamental buscar sempre informações objetivas, diversificar os investimentos e revisar regularmente as próprias estratégias para mitigar os efeitos do viés de ancoragem e alcançar os objetivos financeiros com sucesso.

 

(Redigido com auxílio de IA)

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