As clássicas ações do setor de educação não apresentaram resultados satisfatórios para o investidor este ano. Mesmo com as expectativas de alívio após o resultado das eleições, os principais ativos do setor não conseguiram recuperar o fôlego.
YDUQS [YDUQ3] foi quem mais sofreu com a desvalorização: a empresa chegou a cair 51,81% esse ano, enquanto Cogna [COGN3] apresentou queda de 13,82%.
A desvalorização menos acentuada da Cogna pode ser explicada pela performance dos anos anteriores. Diferentemente do cenário atual, em 2020 e 2021 a companhia obteve desvalorização bastante expressiva, ocasionada principalmente por conta da pandemia de Covid-19.
Após o movimento negativo atrelado à crise sanitária por dois anos consecutivos, o declínio moderado em 2022 pode ser justificado por uma sequência de anos anteriores mais severos, de acordo com a visão dos analistas consultados pelo TradeNews.

De acordo com o head de análise fundamentalista da Benndorf Research, Niels Tahara, outro motor para a depreciação do setor de educação é a dependência de financiamentos governamentais, reduzidos nos últimos anos.
2023: hora do upside?
Na visão do Mestre em Economia pela UFF Ricardo Macedo, “a pandemia do coronavírus mudou o panorama do setor, porque afastou o aluno das salas de aula, impulsionando a modalidade EAD. Apesar do crescimento da modalidade, os desafios são reduzir os custos sem afetar a qualidade e estrutura dos cursos”. O setor de educação foi um dos que mais sofreram com a pandemia de Covid-19.
Em continuidade, o profissional expõe a expectativa existente de que o futuro governo volte a intensificar o direcionamento de recursos ao Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), o que pode ser impulso para COGN3 e YDUQ3.
Os papéis somaram altas significativas após o resultado eleitoral do segundo turno. YDUQS saltou 14,10%, a R$ 12,30, e Cogna avançou 9,77%, a R$ 2,8. Durante a campanha, Lula afirmou a intenção de novamente impulsionar os programas de financiamento estudantil criados nas gestões anteriores.
Por outro lado, de acordo com o economista, o cenário macroeconômico ainda enfrenta desafios para o novo ano, visto que o aumento considerável das taxas de juros de longo prazo influencia diretamente em 2023.
No que tange à inflação, o último Boletim Focus, de 7 de dezembro de 2022, apontou projeção de uma taxa Selic a 12% para 2023. A potencial manutenção da taxa de juros alta por mais tempo tende a manter as companhias de educação pressionadas, comprometendo o desempenho financeiro das empresas e, consequentemente, a percepção sobre as ações listadas em bolsa.
Permanência de cautela
Ainda em um cenário bastante indefinido, o analista técnico da Benndorf Research Filipe Borges enxerga oportunidades de operações swing trade. “Ambas ações seguem em baixa. YDUQS ainda apresenta espaço para quedas de R$ 8,40. O ativo vai descendo aos poucos e apresenta pequenas oportunidades de swing trading, mas foi um ativo que sofreu com grandes quedas nos últimos meses.”
Na mesma perspectiva, as ações da Cogna apresentam maior volatilidade em relação a YDUQS. Segundo o analista, “as ações tiveram uma tendência de alta às vésperas das eleições presidenciais, mas o papel caiu com maior intensidade do que subiu”.
Ele confirma que, para operações de day trade, COGN3 é a melhor alternativa no setor para se monitorar.


A pressão inflacionária constitui o fator externo mais relevante de influência sobre os juros e, consequentemente, sobre os ativos do setor de educação.