100 dias andando em círculos

Brasília (DF) 20/03/2023 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante solenidade que anunciou a retomada do programa Mais Médicos para o Brasil.

DISCLAIMER: o texto a seguir trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

O Brasil vem enfrentando uma realidade de juros excessivamente altos por mais tempo do que gostaríamos, e isso tem impactado negativamente a economia do país.

Infelizmente, o atual governo parece não estar fazendo o suficiente para enfrentar esse problema e prefere adotar a estratégia da terceirização de culpa, tomando medidas que, na prática, elevam os juros enquanto critica as altas taxas como se não tivesse nada a ver com isso.

Essa estratégia infantil de posar de vítima deu muito certo na década de 80, 90 e início dos anos 2000, porém, na era da informação descentralizada em que a imprensa tradicional não tem mais a hegemonia da difusão da informação que agora circula via redes sociais com uma rapidez impressionante, isso parece ter o efeito contrário.

Após quase quatro meses, o governo parece estar andando em círculos; todos sabem que a falta de um arcabouço fiscal claro e consistente é uma das principais causas do aumento dos juros. Sem uma política fiscal sólida e bem estruturada, os investidores ficam inseguros e reticentes em investir no país, o que leva a um aumento nos juros.

Até agora, o governo não deu um indício sequer de que seria responsável fiscalmente e todas as ações que tomou foram, inclusive, no sentido contrário.

O descompasso do governo é tão gritante que figuras de renome, que historicamente apoiaram o projeto petista, como a jornalista Vera Magalhães, o escritor Paulo Coelho e até mesmo a super engajada Míriam Leitão, agora mostram – com um sorriso amarelo no rosto – desaprovar as políticas do governo federal.

Isso demonstra que as políticas econômicas adotadas pelo governo não estão atendendo às expectativas da sociedade, do mercado e nem mesmo dos seus militantes mais apaixonados.

No entanto, é importante reconhecer que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem demonstrado capacidade técnica e competência no comando da instituição. Ele tem trabalhado incansavelmente para manter a inflação sob controle e tomar medidas para reduzir os juros. No entanto, seus esforços são limitados pela falta de ação do governo federal.

É preciso que o governo federal adote uma política fiscal clara e consistente, com medidas que incentivem o investimento e o crescimento econômico. Além disso, é fundamental que o Banco Central tenha autonomia para tomar medidas efetivas de controle da inflação e redução dos juros, pois é isso que torna esse país minimamente crível aos olhos dos investidores.

É hora de o governo federal assumir a responsabilidade pelos juros altos e tomar medidas concretas para enfrentar esse problema. A economia do país e a qualidade de vida da população dependem disso.

Apesar da maioria da mídia tentar suavizar o que está acontecendo para evitar uma percepção de crise generalizada, a realidade sempre se impõe e em algum momento a represa vai ceder.

O governo optou por uma composição ministerial majoritariamente política, e os resultados dessa escolha não poderiam ser diferentes.

Não tem ninguém em Brasília, neste momento, trabalhando de verdade em nada que não seja a própria trajetória política, que envolve muito mais a construção de narrativas e o jogo de poder do que o trabalho que realmente deveria ser feito em prol do Brasil, e é por isso que, mesmo após quase 100 dias, não temos nenhum projeto relevante em pauta.

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