O Ibovespa sustenta alta firme nesta quinta-feira (04), resistindo ao desempenho fraco da bolsa de Nova York e à queda forte das commodities. O indicador superou hoje a resistência dos 105 mil pontos, patamar no qual não operava desde 10 de junho.
Segundo profissionais do mercado, alta é embalada essencialmente pela sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a taxa Selic já chegou, ou está muito próxima do seu pico. Mesmo com a percepção de que o ciclo de queda dos juros ainda esteja distante, os papéis de empresas mais sensíveis à política monetária disparam na bolsa.
A Magazine Luiza (MGLU3) abriu vantagem sobre os pares do setor varejista e registrou ganhos a 11,95%, puxando as maiores altas do índice. Segundo Julia Monteiro, analista da MyCap, o que justifica é que o fato de a companhia ser a primeira a apresentar omnicanalidade, devendo mostrar, nos resultados do segundo trimestre, entrada em pequenas cidades no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O balanço é esperado no próximo dia 11 após o encerramento do pregão.
“Além disso, o que estava pressionando as margens era o custo de frete, que deve aliviar (com queda dos combustíveis), e ela também não tem os processos trabalhistas que a Via”, afirma, destacando ainda a projeção de ganhos financeiros, dada a taxa de juros em patamares altos. Nos últimos 30 dias, a varejista soma ganhos de 53%, mas ainda acumula perdas de 54% em 2022.
O dólar segue em queda ante o real em meio a relatos de ingressos de fluxo cambial. O diretor da corretora Correparti, Jefferson Rugik, afirma que a moeda recuou com entrada na venda de exportadores mais cedo e também um fluxo de investidor estrangeiro positivo para a bolsa e a renda fixa. Segundo ele, o mercado local ajusta-se à fragilidade do dólar no mercado internacional em manhã de maior apetite por risco após altas de juros de 0,5 p. p. pelo Copom, a 13,75% ao ano, e pelo Banco da Inglaterra, a 1,75% ao ano.
🇧🇷 Ibovespa +1,24% (105.057)
💵 Dólar -0,71% (R$ 5,23)
Cotações registradas às 12h30
Commodities
O petróleo opera negativo, após perder ainda mais força depois de moderar alta mais cedo, pressionado pela decisão monetária do Banco da Inglaterra (BoE) e pelo aumento da inversão na curva de juros e sinais pessimistas do setor varejista dos EUA, à medida que o Fed aperta a política monetária em ritmo forte. O movimento ocorre devido às preocupações por uma eventual recessão global.
As perspectivas de demanda permanecem obscurecidas por preocupações crescentes com uma queda econômica nos Estados Unidos e na Europa, endividamento em economias de mercados emergentes e uma política estrita de zero Covid-19 na China, o maior importador de petróleo do mundo.
O acordo da Opep+ ontem (03) para aumentar sua meta de produção em apenas 100 mil barris por dia (bpd) em setembro, equivalente a 0,1% da demanda global, foi visto como grosseiro para o mercado.
“O aumento amplamente simbólico obviamente não fornecerá um amortecedor significativo para qualquer potencial choque de oferta, mas o equilíbrio do petróleo também não ficará mais apertado”, disse Tamas Varga, da corretora de petróleo PVM.
O minério de ferro fechou em queda, estendendo as perda da véspera. O conturbado setor imobiliário chinês, as restrições da Covid-19, as metas de descarbonização que envolvem cortes na produção de aço e o aumento das tensões sino-americanas sobre Taiwan pesaram no sentimento, disseram analistas.
A queda ainda é reflexo de preocupações com uma recuperação insustentável da demanda na China, maior produtora mundial de aço, e perspectivas de aumento da oferta. Embora a lucratividade da indústria siderúrgica tenha se tornado positiva, a avaliação é de que a retomada da produção das siderúrgicas ainda são incertas.
🛢 Brent -2,81% (US$ 94,06)
🛢 WTI -2,51% (US$ 88,38)
🇨🇳 Minério de ferro -3,62% (US$ 106,12)
Cotações registradas às 12h30; minério de ferro referente a Qingdao
(Com Reuters e Agência Estado)