O 20º Congresso do Partido Comunista da China começou no domingo (16), com Xi Jinping, atual presidente da República Popular da China, prestes a conquistar seu terceiro mandato de cinco anos no cargo – um mandato que garantiria sua posição como o governante mais poderoso do país desde o líder fundador Mao Zedong.
O congresso ocorre em um momento agitado, em meio à adesão de Xi à sua política de Covid-zero, que tem prejudicado a economia, enquanto seu apoio ao russo Vladimir Putin isolou ainda mais a China do Ocidente. Ainda assim, diplomatas, economistas e analistas ouvidos pela Reuters dizem que Xi deve consolidar seu controle do poder.
O presidente abriu a sessão semanal, realizada duas vezes por década, com um discurso divulgando a luta da China contra o coronavírus, as medidas de segurança nacional do partido, a manutenção da estabilidade social, a proteção da vida das pessoas e o controle da situação em Hong Kong, que foi abalado por protestos antigovernamentais em 2019. Ele também pediu a aceleração da construção de um exército de nível mundial.
No relatório de trabalho do qual seu discurso foi elaborado, Xi usou os termos “segurança” ou “proteção” 89 vezes, contra 55 vezes em 2017, de acordo com uma contagem da Reuters. O uso da palavra “reforma” caiu de 48 para 68 menções em relação há cinco anos.
Sob aplausos prolongados, ele afirmou que cabe ao povo chinês resolver a questão de Taiwan e que a China nunca renunciará ao direito de usar a força, mas lutará por uma resolução pacífica. Taiwan, que a China vê como seu próprio território, respondeu que não vai recuar em sua soberania ou comprometer a liberdade e a democracia.
A China adotará políticas para aumentar sua taxa de natalidade , disse o presidente, enquanto os formuladores de políticas temem que um declínio iminente da população chinesa possa prejudicar a segunda maior economia do mundo.
“Vamos estabelecer um sistema de políticas para aumentar as taxas de natalidade e buscar uma estratégia nacional proativa em resposta ao envelhecimento da população”, afirmou ele.
Embora a China tenha 1,4 bilhão de pessoas, a maior população do mundo, seus nascimentos devem cair para níveis recordes este ano, dizem os demógrafos, ficando abaixo de 10 milhões em relação aos 10,6 milhões de bebês do ano passado – já uma queda de 11,5% em relação a 2020.
O congresso teve participação do ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli, em sua primeira aparição pública desde que a tenista chinesa Peng Shuai o acusou de agressão sexual no ano passado. Zhang não fez nenhum comentário público sobre a acusação, que Peng postou nas redes sociais em novembro, mas depois negou ter feito.
Ademais, a China refinará suas medidas de prevenção da Covid-19, de forma a serem “mais científicas, precisas e eficazes”, afirmou um porta-voz do partido no sábado (15), reiterando a posição de Pequim de que sua abordagem pandêmica é a correta. “Acreditamos firmemente que o amanhecer está à frente, e a persistência é a vitória.”
Vale relembrar que os líderes enfrentam um contexto difícil. A segunda maior economia do mundo está desacelerando e enfrentando um reequilíbrio potencialmente doloroso de seu modelo liderado por investimentos e propriedades.
Além disso, o setor imobiliário enfrente uma forte depressão, e os promotores imobiliários da China estão adiando os movimentos de reestruturação da dívida para depois do congresso, esperando que a reunião ofereça pistas sobre como Pequim planeja estabilizar o mercado de imóveis chinês.