De novo, a Bolsa do Rio; o que falta? 

bvrj eduardo paes

O ressurgimento da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) voltou ao noticiário em 2024. E, se está correta a afirmação de Edmund Burke de que “um povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la”, vem em boa hora o novo livro de Carlos Cova.

“Pulsão do mercado: uma história da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro” é o fruto da jornada do professor por um Rio que começou na chegada da família real portuguesa e terminou no final do século XX. Apesar de distante dos teoremas e cálculos característicos de sua jornada acadêmica, Cova não vê como estudar nenhum ramo do conhecimento sem mergulhar nos meandros da História. 

Carlos Cova (centro) no evento de lançamento de “Pulsão do mercado: uma história da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro”. Ao lado, Illan Besen (esquerda) e Beto Saadia (direita), da Nomos Investimentos, patrocinadora do livro. [Foto: Isabela Jordão]
Com quatro graduações e um mestrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), além de um doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele tem para si que o conhecimento precisa ser incorporado ao acervo individual a partir de uma perspectiva epistemológica, da percepção de como determinado conhecimento foi construído.

E é fácil ter a curiosidade atiçada quando se anda pelo Centro da capital fluminense, algo inerente à vida acadêmica do autor. Cova mencionou a igreja da Candelária, a Casa França Brasil – palco da primeira bolsa de valores do país – e a antiga Rua Direita em conversa durante o evento oficial de lançamento do livro, realizado na última quinta-feira (05).

“Em um raio de 600 metros desse entorno, tem muita riqueza histórica, ao mesmo tempo que não existe memória, a memória se apagou”, lamentou o autor referindo-se ao Centro de Convenções Bolsa do Rio, local do lançamento do livro e também a sombra do que um dia foi a BVRJ do século passado. 

No processo de escrita do livro, Cova visitou cada prédio na área da Praça XV, para ver por conta própria o completo apagamento da história da cidade no imaginário coletivo. “Ninguém sabe nada do que aconteceu aqui”, relata. 

O antigo prédio da Bolsa carioca já teve um centro de memória, mas hoje só restou o nome do agora centro de convenções como referência ao que um dia o local já foi. Escrever o livro foi tanto um garimpo quanto uma missão de resgate do passado esquecido. 

“A história da Bolsa do Rio de Janeiro é, sobretudo, a história de algo que tinha tudo para ser um catalisador, para alavancar o potencial econômico do Estado, que saia do país”, aprofunda Cova. Ele não vê a importância de uma bolsa de valores apenas enquanto estrutura física, mas sim como “um espaço de interação humana”. 

Apesar do pregão eletrônico ser o padrão já há uns bons anos, o autor ressalta o papel que a sede física de uma bolsa tem enquanto fomentadora de manifestações de conhecimento, de palestras a programas mais intensivos de educação.  

É a tal papel social, aliás, que ele condiciona o sucesso de uma nova Bolsa do Rio de Janeiro, como Carlos Cova já comentou ao TradeNews. Apesar de não ser novidade a ideia de trazer de novo um centro de negociações para o estado, apenas quem souber aproveitar os aspectos político, institucional, histórico e social do empreendimento terá sucesso. 

A antiga bolsa carioca já teve um início, apogeu e derrocada. Para a nova, “o potencial existe, é enorme, mas está faltando ainda um pouco de visão política, institucional e empresarial.”

 

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