O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é um dos indicadores mais utilizados para analisar a inflação. Apesar de ser o principal índice de inflação da economia brasileira, ele não é o único. Além dele, o IBGE produz o INPC e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) elabora os IGPs. E ainda tem o IPC, originado da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Apesar do IPCA ser considerado índice de inflação oficial, os outros indicadores também influenciam na bolsa de valores. Contudo, cada um deles se refere a determinada seção do mercado, de acordo com a cesta de produtos avaliada. Ou seja, é importante estar de olho naquele (ou naqueles) que mais dialoga com os ativos presentes na carteira, a fim de gerir seus ativos com maior consciência.
IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o principal índice de inflação da economia brasileira. O governo federal usa o IPCA como o índice oficial de inflação do país. Assim, ele serve de referência para as metas de inflação e para as alterações na taxa de juros.
O IPCA aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal entre um e 40 salários mínimos, a partir de uma cesta de produtos, definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), feita pelo próprio IBGE.
Entre outras questões, a POF verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto, como arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar, médico, cinema, entre outros.
“Tendo em mente que o IPCA faz parte da estratégia de política monetária, os resultados influenciam diretamente na decisão da taxa de juros pelo Copom, fator que pode favorecer a renda fixa (em caso de aumento dos juros) ou a renda variável (em caso de queda dos juros)”, explica Marco Ferrini, analista de macroeconomia da Benndorf Research.
O analista complementa que os setores mais impactados pela inflação, e, consequentemente pelos juros, são os de alta alavancagem. Desta forma, os investidores de tecnologias, serviços públicos e telecomunicação, por exemplo, não podem deixar o IPCA de lado.
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) tem o mesmo propósito que o IPCA: medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. A cesta também é definida pela POF.
A diferença entre eles está no uso do termo “amplo”. O IPCA engloba uma parcela maior da população, enquanto o INPC é mais restrito.
O INPC verifica a variação do custo de vida médio de famílias mais vulneráveis, com renda mensal de um a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, porque tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, transporte e medicamentos.
O índice é a referência do governo para a correção do salário mínimo e da aposentadoria, afirma o especialista da Benndorf, além de ser utilizado para reajustes salariais em negociações trabalhistas.
“Do mesmo modo que outros índices de inflação, o INPC pode ser utilizado como indexador de certas aplicações financeiras de renda fixa, embora seja mais raro do que o IPCA e o IGP-M”, diz Marco. “Outra função do INPC é servir de referência para metas de fundos previdenciários e ser também o indexador desses fundos.”
IGPs
Os Índices Gerais de Preços (IGPs) registram as variações de preços de matérias-primas agropecuárias e industriais, de produtos intermediários e de bens e serviços finais. Criado nos anos 1940, tem como objetivo ser uma medida abrangente do movimento de preços no Brasil, visando englobar atividades e etapas distintas do processo produtivo.
Eles apresentam-se em três versões: Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), e diferenciam-se pelo período de coleta das informações para cálculo do índice.
O quadro a seguir compara o período de referência de cada versão do IGP. Os valores coletados em cada intervalo são comparados aos levantados dos 30 dias imediatamente anteriores:
Os IGPs podem influenciar principalmente na hora da escolha dos investimentos, diz Marco. “Diante de uma taxa maior, o investidor pode optar por títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação, como o LCI e o CRI. Outra opção é o investimento em alguns tipos de fundos imobiliários que possuem carteira de inquilinos com empresas de grande porte e são reajustados pelo IGP-M”, esclarece.
IPC
Popularmente conhecido como IPC-Fipe, o Índice de Preços ao Consumidor mede a variação de preços no município de São Paulo. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda de 1 a 10 salários mínimos.
“A importância do IPC-Fipe é ampla, e, ao mesmo tempo, está contida exclusivamente dentro da cidade de São Paulo”, aponta o analista. Ele explica que o IPC-Fipe é um dos mais antigos índices de inflação do Brasil e serviu de modelo para diversos outros índices, como os do IBGE, graças à sua metodologia sólida, tendo, portanto, muita importância histórica.
Na prática, ele é o indexador aplicado nos contratos da Prefeitura de São Paulo, desde 2013. Ou seja, todos os contratos do governo municipal estão vinculados ao índice, mas ele não possui muita influência fora dessa área.
O IPC-Fipe é bastante relevante no mercado imobiliário da cidade de São Paulo, sendo utilizado para o reajuste dos aluguéis e como um benchmark para a valorização dos imóveis.