No clube, na pelada de futebol, na praia com os amigos ou na ceia de natal com a família, o Brasil vai voltar a falar culturalmente sobre a Bolsa em 2024, disse Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, durante edição especial de fim de ano do Ação e Reação, veiculada pela Nomos TV e realizada na última quarta-feira (20).
Além de Saadia, estiveram presentes o analista fundamentalista Max Bohm, os analistas técnicos João Tonello e Felipe Borges, e a head de mercado internacional da Nomos, Bruna Allemann, compartilhando suas visões sobre quais ações – brasileiras e internacionais – podem se destacar em 2024.
Banco do Brasil [BBAS3]
Apesar da queda de juros não ser interessante para o setor bancário, o Banco do Brasil trabalha com um spread “muito interessante”, de acordo com João Tonello. Além disso, ele destaca que a carteira agro da instituição demonstra forte crescimento, o que gera índice de inadimplência baixo.
Priner [PRNR3]
Tonello explicou que o ativo está fazendo rompimento de uma região “interessantíssima” e que o ativo tem forte potencial de crescimento para 2024, por meio de estratégias orgânicas e inorgânicas, com receita líquida CAGR – isto é, a taxa de retorno necessária para um investimento crescer de seu saldo inicial para o saldo final – em alta de 22% na perspectiva 2022-2025.
“A gente tem os melhores níveis de retorno da empresa nesse momento, e ela é bastante beneficiada pelo efeito plataforma, com ROIC progredindo de 9% em 2021 para 18% 2025”, argumentou.
O analista também frisa que o dividend yield da companhia ainda chama sua atenção, visto que considera que Priner tem “bastante” espaço de crescimento e, graficamente, tem possibilidade de alta no ativo.
Filipe Borges completa que o papel é “bonito” e que se romper na região de R$ 12,40 ou R$ 12,50, há espaço para uma subida muito forte, entre 50% e 80%. “Ótima alternativa para o ano que vem”, define.
Moura Dubeux [MNDE3]
A ação tem volume médio na casa entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões. Dessa forma, caso um grande investidor ou fundo de investimento comece a encarteirar a ação, ela pode disparar, segundo Borges.
O analista ressalta que o papel está retornando ao preço de seu IPO e que, apesar de ter chegado a custar R$ 5, agora está na faixa de R$ 12,50.
“O mais interessante da ação é que, durante todo o período que o ativo ficou acumulando, não havia entrada de fluxo de capital, ou seja, não havia muita gente negociando esse papel”, diz.
Ele acrescenta que o ativo está consolidado na mesma região há três anos, mas que está com fluxo para romper graficamente para cima e pode performar “muito bem” acima de R$ 13.
Para o ano que vem, o analista projeta um alvo “conservador” de 45% para o papel, com primeiro alvo na casa de R$ 18,30.
“Com o espelhamento da consolidação e aumento de fluxo de compra no ativo, muita gente vai falar que eu estou ficando maluco, mas alvo para mais de 200%. Vejo esse papel com espaço para subir a R$ 36,50”, acrescenta.
Banrisul [BRSR6]
Borges vê a entrada de fluxo de BRSR6 como uma movimentação interessante no gráfico anual e gráfico semanal também.
“Uma bela movimentação, um movimento simétrico muito bom, o ativo que deu uma bela arrancada de alta nos últimos meses”, comenta.
Para o ano que vem, o analista tem dois alvos: o primeiro na região de 45%, em R$ 18,70, e o principal entre R$ 26,50 e R$ 26, praticamente dobrando o preço da ação.
Dias Branco [MDIA3]
Borges frisa que a líder nacional no setor de alimentos ficou um bom tempo travada, mas que tem novamente uma entrada de fluxo no momento atual.
O papel está em torno de R$ 38,50, e também tem alvo em torno de 40% de alta, com primeiro alvo na região de R$ 53 e o principal na região de R$ 80.
Valid [VLID3]
Essa é uma ação mais arriscada, de acordo com Tonello. Entretanto, o lucro operacional da empresa cresceu bastante. O analista destaca ainda que Valid [VLID3] aumentou a lucratividade e o preço acompanhou “muito bem” o lucro da companhia.
“Vejo a empresa com espaço para crescimento em 2024, ou pelo menos manutenção, e graficamente também vejo espaço de alta para o ativo”, declara.
Max Bohm comenta que acha o call interessante, visto que “Valid passou por uma reestruturação muito grande nos últimos anos e parece que a empresa entrou nos eixos”, afirma.
Simpar [SIMH3]
Com a queda de juros, empresas de baixa capitalização, ou Small Caps, como a Simpar, irão se beneficiar, segundo Bohm. A holding investe em Vamos [VAMO3], JSL [JSLG3] e Movida [MOVI3].
“Fora outros negócios não listados que podem vir a ser IPOs em 2024”, adiciona o analista, afirmando que o cenário pode ser positivo e destravar valor para a holding.
Oportunidades internacionais
Bonds
Para objetivos de médio prazo, entre três e cinco anos, os bonds podem ser uma oportunidade “extremamente atrativa”, principalmente com o pico de juros nos Estados Unidos, explica Bruna Allemann. Além disso, a head da mesa internacional comenta que a maioria dos bonds funciona de forma parecida ao tesouro prefixado, o que facilita na compreensão por similaridade.
FS Agrisolutions
Para Allemann, todo o desenvolvimento voltado para o agronegócio é importante. No caso da FS, a empresa apresenta uma estrutura de receita diversificada e é destaque no mercado.
“Essa é uma opção para quem quer rentabilidade, pois paga acima de 7% ao ano de cupom pré-fixado”, recomenda.
Mercado Livre
No longo prazo, Mercado Livre tem perspectiva positiva, mesmo com a queda do juro americano, de acordo com a head. Além da companhia já ser conhecida no Brasil, o bond também pode ser uma boa oportunidade de dolarização.
Bohm complementa que Mercado Livre deve continuar performando “muito bem” devido às vantagens competitivas que possui em inovação e logística, algo que os concorrentes “não fazem tão bem quanto Meli”, o que gera crescimento de receita.
“Investir em um título de dívida, no bond do Mercado Livre, é uma ótima oportunidade para o ano que vem”, frisa.
BDRs
Inter [INBR32]
De acordo com Bohm, o banco digital vem mostrando melhora na rentabilidade, que deve crescer ainda mais nos próximos trimestres. Além disso, a companhia deve se beneficiar com a queda da taxa de juros nos Estados Unidos.
“[Nesse cenário], certamente os investidores vão levar a empresa a um novo valuation, talvez mais próxima do que Nubank [ROXO34] está negociando hoje”, afirmou.
ETFs
EWJV
Os astros estão se alinhando para que o Japão seja oportunidade de investimento, de acordo com Beto Saadia. Como consequência da pandemia da Covid-19 e da guerra, o Japão se viu saindo de uma deflação que assolou o país por 30 anos. O diretor explica que o movimento chamou atenção de grandes empreendedores, como Warren Buffett, que anunciou diversos investimentos no país.
“Os astros estão se alinhando para que o Japão seja oportunidade de investimento”, brinca. “O Japão sempre foi um país investível por vários motivos, mas faltava o último check que era o fato do país não crescer”, complementa, em referência à deflação histórica do país.
HERO e JOGO11
A indústria de games é multifacetada quanto a conhecimento, roteiro, cinematografia, música e arte, segundo Saadia. O diretor também afirma que o setor vai capturar bem a Inteligência Artificial, em um ano em que os temas Metaverso e Blockchain devem voltar com força.
“O novo metaverso vai ser uma nova forma de ponto de encontro, uma nova rede social.” destaca Saadia, acrescentando que o mundo fica cada vez mais gamificado.
Quanto aos ETFs indicados, o diretor explica que a única diferença entre os dois é que o JOGO11 possui concentração em NVIDIA e AMD, que são duas empresas de processadores.
“Eu acredito realmente no mercado de games e acho que vai ser a indústria que mais vai crescer”, concluiu.