Eleição de Lula derruba estatais e impulsiona setor educacional; commodities despencam após PMI chinês

O Ibovespa opera em alta modesta nesta segunda-feira (31), operando próximo, à máxima intradiária, na faixa dos 116 mil pontos, apesar da queda em Nova York. O índice sobe após cair 2,12%, com mínima intradiária nos 112.113,34 pontos, puxado especialmente pelo setor de metais.

A alta reflete basicamente a espera por três fatores, diz o economista Álvaro Bandeira. Um deles, afirma, é que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se posicione em relação à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Acho que ele ficou meio ‘isolado’, dado que governadores aliados a ele se mostraram abertos ao governo Lula.”

“Outra questão é se será uma transição suave. Quanto mais suave for, melhor reagirá. As ações da Petrobras ainda caem, mas é natural, dadas as altas recentes [de mais de 64% em 2022].” 

Os papéis da estatal lideram as maiores baixas do índice. PETR4 recua 5,00%, enquanto PETR3 cai 4,44%. Além disso, o JPMorgan rebaixou a recomendação para os ativos da Petrobras, de overweight (equivalente a compra) para neutro (desempenho na média), e cortou o preço-alvo do American Depositary Receipt (ADR) de US$ 20 para US$ 14.

Enquanto não há mais clareza sobre os rumos da Petrobras, o JP acredita que os investidores podem apostar em melhores opções no mesmo setor na América Latina, como a Geopark, empresa de exploração e produção de petróleo e gás natural, ou mesmo em companhias de segmentos diferentes, como Gerdau e Suzano.

Apesar disso, as ações da Suzano também constam entre as maiores baixas e recuam 2,83%.

Um terceiro fator, afirma o economista Álvaro Bandeira, dependerá de Lula, de como será sua equipe econômica. Para economistas ouvidos pelo Broadcast, as sinalizações sobre o tema podem balizar as reações de preços de ativos e expectativas ao longo dos próximos dias.

Também influenciadas por resultados políticos, as ações da Sabesp [SBSP3] têm alta de 1,11%. O movimento ocorre com investidores otimistas sobre uma potencial privatização da empresa, na esteira da eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo.

Seguindo a expectativa inicial, setores de varejo e educação são favorecidos neste pregão, ao passo que ações das estatais devem continuar voláteis, dada a persistente incerteza em relação às políticas futuras do governo Lula.

A XP lembrou que na semana passada, o Ibovespa caiu 4,5% e o real desvalorizou 2,5%. As ações das empresas estatais estiveram entre as maiores quedas, com Petrobras e Banco do Brasil caindo mais de 13% durante a semana. “Esse deve ser o tom do mercado nos próximos dias”, avalia a corretora.

As ações das estatais devem continuar voláteis, dada a persistente incerteza em relação às suas políticas futuras. No caso do Banco do Brasil [BBAS3], essas questões giram em torno das linhas de concessão de crédito subsidiadas. Os papéis do banco ocupam a terceira posição na lista de maiores perdas e caem 3,09%.

“Acreditamos que a volatilidade pode seguir alta e talvez aumentar nas próximas semanas, dada a incerteza quanto à política fiscal do novo governo, bem como quais serão os nomes da nova equipe econômica de Lula”, destaca a XP.

Enquanto isso, na ponta positiva, Alpargatas [ALPA4] sobe 5,36%, Lojas Renner [LREN3] avança 4,47% e Cogna [COGN3] salta 5,03%. 

O setor de frigoríficos recua com investidores avessos a riscos frente à temporada de balanços. JBS [JBSS3] e Marfrig [MRFGF3] estão entre as maiores perdas do índice e caem 2,64% e 2,09% respectivamente.

 O dólar registra queda firme e opera próximo à mínima intradiária. O mercado cambial está sob pressão da disputa técnica pela definição da Ptax do fim de outubro, e investidores reduzem posições compradas, após o dólar atingir máxima intradiária a R$ 5,40 nos primeiros negócios. 

O movimento ocorre em meio ao recuo dos preços de commodities por preocupações com a demanda da China em cenário de desaceleração econômica e retomada de lockdowns em algumas regiões do país por causa de novos surtos de Covid-19.

Além disso, o mercado absorveu a alta inicial e aguarda definição de nomes para os ministérios pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principalmente para a Economia, e também qual deve ser a nova âncora fiscal em substituição ao teto de gastos.

🇧🇷 Ibovespa +0,86% (115.520 pontos)

💵 Dólar -1,41% (R$ 5,22)

Cotações registradas às 12h20

Commodities

O petróleo recua, após leitura fraca do índice de gerentes de compras (PMI) da China, inclusive da indústria do país, o que sugere demanda contida pela commodity. As políticas para conter a Covid-19 ainda são apontadas como fator que pesa na atividade local, conforme lembra a Pantheon em análise sobre o dado. 

Há pouco, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou que espera crescimento da demanda global por petróleo a 96,1 mil barris de petróleo equivalentes por dia (mboe/d). A demanda foi de 88,3 mboe/d em 2021.

Depois disso, o cartel projeta desaceleração do crescimento da demanda, que chegará a 110,6 mboe/d em 2045. Em termos percentuais, é esperado que a demanda global cresça 12,3% até 2045, em comparação com os níveis do ano passado.

O minério de ferro encerrou em queda firme, insistindo no sinal negativo pelo quinto pregão seguido. O preço da commodity também reage à divulgação do PMI industrial chinês, que foi de 50,1 em setembro para 49,2 em outubro, abaixo da linha que separa os terrenos da expansão e contração da atividade.

🛢 Brent -0,74% (US$ 93,08)

🛢 WTI -1,05% (US$ 86,98)

🇨🇳 Minério de ferro -4,11% (US$ 83,08)

Cotações registradas às 12h20; minério de ferro referente a Dalian