Agosto foi marcado por altas históricas do Ibovespa, que ultrapassou a marca dos 137 mil pontos no intradiário. Todavia, o desempenho marcante não se estende aos ativos da B3 de modo geral. Os recordes históricos do principal índice são fruto de uma boa performance de setores específicos, a qual não afetou a Bolsa como um todo.
As principais valorizações são do setor de bancos, frigoríficos e setor elétrico. Dessa maneira, o crescimento ficou mais restrito, fazendo com que os bons resultados não se estendessem por toda B3.
“Outros setores ainda estão muito atrás, estão muito descontados, não subiram como deveriam. O setor de varejo, de consumo, construção civil e até mesmo outras commodities. Então, essa alta pode ser explicada pela alta de bancos, frigoríficos e setor elétrico, principalmente”, expôs Max Bohm, estrategista de ações da Nomes Investimentos.
O Bradesco [BBDC4] é um bom exemplo para visualizar a concentração do volume de alta e como isso colabora para a subida do principal benchmark da bolsa brasileira.
Possuindo mais de 3% de participação na carteira do Ibovespa, BBDC4 está entre os ativos de maior peso no índice. O banco registrou números impressionantes em agosto, neste período a valorização chegou a 25% – motivado por bons números divulgados em seu balanço do segundo trimestre de 2024, mesmo que a variação no ano seja negativa em 5,36%.
Além disso, outro indício da falta de uniformidade da alta é o desempenho do índice SMLL, que está cerca de 50% abaixo de sua alta histórica.

Espaço para crescimento
Apesar do avanço histórico Ibovespa soar como uma prévia de queda, com a sensação de “uma hora vai cair”, o Ibovespa tem, na verdade, a probabilidade de continuar crescendo.
Petrobras [PETR3;PETR4] e Vale [VALE3] são as companhias com maior participação no índice, representando mais de 20%. Contudo, as empresas não contribuíram para a máxima histórica do benchmark – pelo contrário.
Marco Saravalle, estrategista da MSX Invest, enxerga a Vale como uma espécie de vilã, no momento. “Acho que a grande âncora no curto prazo tem sido a Vale, que tem um peso bastante expressivo, mas ainda com retornos negativos no passado recente.”, apontou Saravalle.
Dessa maneira, uma possível recuperação das commodities poderia aumentar a força do principal índice da B3.
O especialista de investimento da Nomos, Max Bohm, é ainda mais otimista. Para ele, o Ibovespa pode fechar o ano acima dos 140 mil pontos.
“Acredito que, com queda de juros nos Estados Unidos e continuidade na melhora dos resultados aqui, o índice pode buscar patamares mais elevados e fechar o ano acima de 140 mil pontos”, projetou Max.
Adicionalmente, o arrefecimento do índice nos últimos pregões colabora para um movimento de alta, no ponto de vista da análise técnica de Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research.