Investimento bom é investimento sem imposto? Na renda fixa, nem sempre

Existem títulos de renda fixa isentos e não isentos do Imposto de Renda – mas esse não deveria ser seu critério de escolha

No senso comum, o melhor caminho é sempre o que não inclui impostos. Mas, se a pauta é investimento em renda fixa, a máxima nem sempre é válida.

A incidência de Imposto de Renda (IR) sobre os títulos de renda fixa não funciona como critério isolado para a escolha de um investimento no segmento. Antes, há uma série de fatores que devem balizar a decisão, conforme explicou o head de alocação da Nomos, Leandro Vasconcellos.

Tabela da alíquota do Imposto de Renda sobre renda fixa. [Fonte: IRTrade]

Perfil de risco 

Investidores mais conservadores podem preferir títulos isentos de IR – como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) –, porém menos pela isenção fiscal e mais pelo que ela significa. Isto é, os títulos isentos costumam ter baixo risco de crédito. 

“Já investidores de perfil mais arrojado podem optar por títulos com maior potencial de rentabilidade, mesmo que sujeitos à tributação, como os títulos públicos vendidos via Tesouro Direto”, aponta Leandro. 

Objetivos financeiros

Títulos isentos de IR podem ser mais vantajosos para objetivos de curto prazo, haja vista a variação da tabela regressiva do imposto, na qual quanto menor o prazo do investimento, maior a alíquota cobrada – e vice-versa.

Para investimentos de até 180 dias, a alíquota é de 22,5%; de 181 a 360 dias, 20%; de 361 a 720 dias, 17,5%; e acima de 720 dias, 15%. Ou seja, a diferença de rentabilidade líquida entre produtos isentos e tributáveis pode ser menor nos objetivos de longo prazo, “especialmente se o título tributável oferecer uma taxa de retorno significativamente mais alta”.

Taxa de rentabilidade

O especialista da Nomos frisa a importância de se comparar a taxa de rentabilidade líquida dos diferentes títulos – no caso dos não isentos, ela inclui a tributação. Há casos em que um título tributável com taxa de juros mais alta pode oferecer rentabilidade líquida superior à de um título isento, destacou Leandro.

Projeções macroeconômicas 

As expectativas do mercado quanto à inflação e à taxa Selic não podem ficar de fora da decisão. Por exemplo, em um cenário de queda de juros, “títulos prefixados ou atrelados à inflação podem ser mais atrativos, mesmo que sujeitos a tributação, pois podem oferecer retornos reais maiores”.

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