Magazine Luiza [MGLU3] vai bater de frente com o Mercado Livre [MELI34]?

Aliexpress e Magazine Luiza [MGLU3]: quem se beneficia de verdade com a parceria?

As ações do Magazine Luiza [MGLU3] disparam mais de 12% nesta segunda-feira (24). O mercado repercute o anúncio de uma parceria entre a companhia e o e-commerce chinês Aliexpress. Apesar da recepção positiva, a notícia não teve efeito significativo na percepção do mercado quanto às ações da companhia. 

Mesmo em termos de trading, MGLU3 segue não atrativa, diz o analista técnico Filipe Borges. “Olhando exclusivamente para o gráfico, não há nenhum sinal de compra no ativo ainda.” Ele lembra que, depois de perder o suporte de R$ 12,90, nunca mais voltou a trabalhar acima desse patamar. 

O gráfico diário mostra topos e fundos descendentes desde agosto passado. O desempenho desta segunda-feira, aliás, deixou o ativo em região de retração. A perda da mínima do dia, de R$ 11,54, no pregão de terça-feira (25) indicaria gatilho de operação de venda, recomenda Filipe, com stop loss na máxima de hoje, a R$ 12,39.

Em suma, “nenhum sinal de compra no ativo nesse momento. Pelo contrário, todo gráfico diário mantém ainda uma boa tendência de baixa.”

Desempenho de MGLU3 no gráfico diário desde agosto de 2023. [Fonte: Filipe Borges/ProfitPro]
No âmbito fundamentalista, a VG Research tem recomendação neutra para MGLU3. Ainda assim, Luan Alves, analista-chefe da casa, destaca como o Aliexpress chega com uma variedade de produtos para agregar no ecossistema da varejista brasileira, cujo foco está nos bens duráveis – justamente o que o parceiro chinês não vende. 

De acordo com o comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Aliexpress passará a vender como seller do marketplace do Magalu, oferecendo itens da linha Choice – serviço de compras premium, incluindo produtos com o melhor custo-benefício e velocidade de entrega. Ao mesmo tempo, o Magalu oferecerá produtos na plataforma brasileira do Aliexpress, inicialmente os itens das categorias de bens duráveis.

O consequente forte aumento do sortimento de produtos vai ajudar no fluxo de pessoas nos sites, retoma Luan. Porém, “seguimos cautelosos com a companhia, visto que o cenário macroeconômico segue desafiador, com o aumento das expectativas de inflação e interrupção do ciclo de queda na taxa de juros”. 

O aumento do portfólio do Magalu, torna o e-commerce mais atrativo para uma parcela maior de consumidores, e deve aumentar sua competitividade, no entanto ainda é preciso aguardar essa integração para avaliar o tamanho do impacto.

Max Bohm, estrategista de investimentos da Nomos, mantém a preferência pelo Mercado Livre [MELI34]. “A gente não gosta do case de Magalu e outras varejistas como a Casas Bahia [BHIA3]”, comentou Reydson Mattos, integrante da equipe de análise. 

O especialista ressalta que MGLU3 negocia a valores muito abaixo do registrado em tempos anteriores e que a receita da empresa deve crescer por conta do percentual de lucro sobre as vendas do Aliexpress, o take rate

Todavia, “esse acordo, em si, parece muito mais uma forma do AliExpress mitigar os efeitos da lei que tarifa esses produtos até 50 dólares do que um vetor de retorno, de lucratividade, para o Magazine Luiza”. 

O Congresso recentemente aprovou a taxação de compras online no valor até US$ 50, atingindo em cheio as varejistas chinesas – Shein e Shopee incluídas. “O AliExpress provavelmente está entrando nessa parceria com o Magalu justamente para tentar burlar essa lei”, pondera Reydson. 

Do lado do Magazine Luiza, a expectativa é de um certo fôlego para as operações. Após indícios de grande endividamento no início do ano, prossegue o especialista, a companhia parou de crescer, enquanto o Mercado Livre veio conquistando ainda mais participação de mercado – não só da companhia dos Trajano, mas também das Casas Bahia e Americanas [AMER3]. 

Considerando a força de mercado do Aliexpress, o Magalu pode ganhar mais share com a parceria, ou pelo menos manter o que já tem. 

Há motivos, diz Reydson, para acreditar que o Magalu conseguiria minimamente competir muito melhor com o Mercado Livre em termos de fatia de mercado junto com o AliExpress do que sozinha. “Principalmente porque o estoque em si é muito alto e ela não teria nenhuma despesa adicional para ter essa força de vendas aqui dentro.”

Por outro lado, ele não vê tanta esperança de o Magalu aumentar as vendas de bens duráveis através da plataforma do Aliexpress, justamente por esse tipo de venda não ser o perfil do e-commerce chinês, o qual tem o Brasil entre seus cinco maiores mercados. 

Painel de recomendações para MGLU3 em 24 de junho de 2024. [Fonte: Bloomberg]
As recomendações neutras são majoritárias para MGLU3 e, a julgar pelas análises dos especialistas ouvidos pelo TradeNews, a perspectiva de curto prazo não deve mudar. Todos preferem esperar para ver. 

Para William Cruz, gestor de investimentos e sócio da Matriz Capital Asset, o aumento do portfólio do Magalu torna o e-commerce mais atrativo para uma parcela maior de consumidores, além de atender melhor os atuais clientes, e deve aumentar a competitividade. 

A parceria sinaliza uma busca por maior eficiência operacional por parte da companhia, completa, mas “é preciso aguardar essa integração para avaliar o tamanho do impacto”.

Reydson Mattos vai na mesma linha. “Eu acho que a medida é boa, mas ainda não consigo enxergar um vetor mais interessante para estar na ação, acho que tem muita coisa para acontecer.” Na visão dele, trata-se de uma parceria que não só tenta controlar o avanço do Mercado Livre, mas também dos outros players chineses em busca de fatias cada vez maiores no mercado nacional. 

Segundo o CEO Frederico Trajano, a parceria com o Aliexpress deve estar no ar já no terceiro trimestre deste ano. 

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