Os papéis da Braskem (BRKM5) caem 2,84% nesta semana, após acumularem ganhos de mais de 30% na semana passada. A forte movimentação foi fruto da reação positiva dos investidores à informação de que a gestora americana Apollo fez uma nova oferta pela empresa, segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
No dia 11 de outubro, data de publicação da matéria, as ações fecharam em valorização de 20,40%. Dois dias depois, a petroquímica negou as afirmações e reforçou que não conduz eventuais negociações para venda das participações da Novonor (antiga Odebrecht) e Petrobras na companhia.
Atualmente, a Novonor possui 38,8% de participação na petroquímica, enquanto a Petrobras detém 36,15%.
Mas os rumores sobre aquisições não surgiram agora. Desde agosto, as possíveis operações têm movimentado os ativos da Braskem, tanto positiva quanto negativamente. Só em outubro, a ação já subiu 32,85%.
Os rumores
Os rumores começaram quando a situação da Novonor e a Petrobras se deterioraram, explica Júlio Borba, analista da Benndorf Research. A partir disso, “passou a ser cogitada a venda de alguns ativos das empresas para sanar suas condições financeiras”, complementa.
No fim de julho, a imprensa nacional notificou que haviam sido feitas três ofertas independentes para adquirir parte das ações da Braskem. A própria empresa, a Novonor e a Petrobras negaram a informação. Os papéis da companhia chegaram a operar entre as principais baixas do Ibovespa no pregão seguinte, como reflexo da correção dos ativos, e em meio ainda à queda de quase 4% do petróleo no exterior.
Em agosto, o jornal Valor reportou que o processo de venda havia empacado, com fontes a par do assunto afirmando que os dois sócios pouco estavam se movimentando para que a negociação avançasse, segundo a fonte, “porque o mercado não estava favorável a uma oferta de ações”. No mês, BRKM5 acumulou mais de 17% de perdas.
Já em outubro, os papéis subiram 12,59%, liderando as maiores altas do Ibovespa, após a informação de que a gestora americana Apollo teria feito uma nova oferta pela companhia, segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A nova proposta seria 25% maior do que a anterior e incluiria o fechamento de capital da Braskem na B3 e a posterior reabertura na bolsa de Nova York.
A valorização dos papéis da Braskem se dá em função da redução dos riscos de governança corporativa, caso a venda e a relistagem de fato ocorram, o que contribuiria com a expectativa de alta nas ações, afirma o especialista em mercado financeiro da Benndorf.
O analista ainda aponta que a operação melhoraria os fundamentos da Braskem e, portanto, seria positiva para o investidor. “Principalmente caso o valor de venda seja substancialmente acima do valor atual, porque o mecanismo de tag along seria acionado e os acionistas minoritários teriam o direito de vender suas fatias da empresa por valores mais altos que o preço de tela atual”, diz Júlio.
Tag along é um mecanismo de proteção a acionistas minoritários de uma companhia que garante a eles o direito de deixarem uma sociedade, caso o controle da companhia seja adquirido por um investidor que até então não fazia parte da empresa.
A casa de análises Eleven Financial também considera que, caso se realize, a aquisição seria proveitosa para os investidores, considerando a cotação atual de R$ 27,89. “Pelo fato de a Braskem possuir o mecanismo de tag along, a proposta de R$ 50 por ação abrange a participação da Petrobras”, afirma a Eleven Financial.
Além disso, na última segunda-feira (17), a Unipar (UNIP3) anunciou que avalia uma potencial aquisição de ativos da Braskem. O mercado parece não ter recebido bem e, no dia, as ações da última caíram 3,54%.
É hora de comprar?
Para a Benndorf, os papéis ainda estão bastante descontados, e a oferta da Apollo ainda encontraria uma margem de segurança em relação ao valor justo da empresa.
“Acredito que há espaço para altas no papel, dado que, se essa compra se concretizar, devemos ver a cotação também se ajustando para um valor mais próximo de R$ 50, o que geraria uma valorização de mais de 30%”, complementa Júlio.
Contudo, o analista recomenda uma exposição baixa, visto que o papel já reagiu bem às notícias, podendo ter alguma realização caso essa transação venha a demorar ou surja algum impasse ou desistência por parte do comprador.
“Se o investidor alocar uma porcentagem pequena do seu portfólio poderá tanto lucrar com a continuidade da alta das ações como aumentar a posição em BRKM5 caso ocorra uma queda nos preços”, afirma ele.
Citi, Banco BTG Pactual e HSBC também recomendam a compra do papel. JPMorgan, Banco Safra e Bradesco BBI acreditam que a ação tem previsão de desempenho acima do referencial. O primeiro tem recomendação overweight, e os dois últimos outperform. Eleven Financial, Banco do Brasil e Grupo Santander se mantiveram neutros.

Perfil
A partir da integração das empresas Copene, OPP, Trikem, Proppet, Nitrocarbono e Polialden, foi criada a Braskem em agosto de 2002. No mesmo ano, as ações foram listadas na bolsa de valores de São Paulo.
A Braskem é uma petroquímica global líder no mercado de resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC) das Américas, maior produtora de polipropileno dos Estados Unidos e líder na produção de polietileno no México.
Com uma equipe de aproximadamente 8 mil integrantes, a empresa possui ampla diversificação geográfica, por meio de unidades industriais no Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México.

O modelo de negócio da Braskem integra a 1ª e 2ª geração petroquímica, o que permite assegurar uma maior eficiência operacional nesta parte da cadeia. “A primeira geração é responsável pelo ciclo de negócios ligados à produção de matérias−primas básicas como eteno e propeno, fundamentais para a segunda geração, que produz resinas termoplásticas como o polietileno, polipropileno e PVC”, explica a Eleven.