Há quase dois anos desde a Oferta Pública Inicial (IPO), as ações da Petz (PETZ3) encerraram o pregão desta sexta-feira (22) em torno de 2,5% acima da mínima histórica de fechamento, de R$ 9,60, atingida em 4 de julho deste ano. Apesar do rali da última quarta-feira (20), quando a cotação disparou 9,64%, os ativos acumulam 3,34% de baixa na semana – e 39,83% no ano.
O desempenho atual contrasta com as visões otimistas de instituições como JP Morgan e Goldman Sachs, ambos com recomendação de “compra” para PETZ3. O ativo encerrou a semana cotado a R$ 9,87, mais de 65% abaixo da máxima histórica.
E o pior pode não ter chegado ainda para a maior varejista de produtos para animais de estimação do Brasil. “Apesar de ver o case [a empresa] com bons olhos, eu não entraria no papel ainda, porque acho que tem espaço ainda para Petz perder margem e, consequentemente, a cotação do papel cair um pouco mais”, diz Victoria Minatto, da Benndorf Research.
A analista destaca a margem líquida da Petz como catalisadora da desvalorização, diante da pressão dos preços e juros altos. “A Petz é um grande supermercado, só que para animais de estimação. E, como qualquer outro supermercado, ela opera com margem líquida muito apertada”. A margem costumeira da companhia gira em torno de 3% a 4%. Dessa forma, qualquer ponto percentual a mais na métrica “impacta bastante no resultado da empresa como um todo, no fluxo de caixa e no valor da ação, porque ela é muito sensível a essas variações”, explica Victoria.
Para Felipe Demolein, analista-sênior de Equity Research da Eleven Financial, a recente queda da cotação de PETZ3 não se justifica. “A queda da ação nos parece ter sido muito exagerada e vemos a ação negociando a um preço bastante descolado do que vemos como o valor justo da empresa, mesmo considerando o maior patamar de juros”.
O analista menciona os bons resultados, em termos de crescimento e rentabilidade, da companhia nos últimos trimestres. Para ele, a companhia conseguiu desfazer os impactos da inflação. “Em termos de panorama macroeconômico, vemos a diminuição do patamar de juros como o principal catalisador macro para a empresa”, completa Felipe.
Inaugurada em 17 de agosto de 2002, a Petz estreou na B3 em 11 de setembro de 2020. Victoria Minatto defende que a empresa esteve supervalorizada desde então. Em agosto de 2021, perto da máxima histórica – de R$ 28,28 –, a ação era negociada a mais ou menos 97 vezes seu P/L (preço sobre lucro), “o que é um múltiplo extremamente caro quando a gente olha para varejo”, explica. “É um múltiplo, basicamente, de tecnologia e não faz sentido nenhum”.
Ao mesmo tempo, a analista vê a Petz como um case bastante resiliente. “O mercado pet cresce mais do que o PIB, é um mercado muito fragmentado. Então Petz ainda tem bastante espaço para crescer, ganhar market share. As aquisições dela vão possibilitar isso”, diz Victoria, em referência às cinco operações de compra da varejista desde o IPO.
A Petz adquiriu as marcas Cansei de ser Gato e Zee.Dog, a empresa de adestramento Cão Cidadão, a rede de centros veterinários Seres e, mais recentemente, a Petix, de tapetes higiênicos.
Ainda assim, a Benndorf mantém visão “neutra” para PETZ3. Segundo Victoria, “quando a gente fala de cenário macro, ainda não é um papel que eu estaria confortável em ter na carteira no curto prazo”. Ademais do posicionamento de mercado sólido, a analista destaca a importância do timing para compra das ações.
Nesse aspecto, o analista técnico João Tonello, também da Benndorf, descreve um fechamento acima da média móvel de nove períodos (mme9) como sinal de compra. Atualmente, o referencial se encontra na marca de R$ 11,18. A tendência é a mesma pensando nas tendências mensal e semanal.
“Em resumo, devemos aguardar sinal de compras”, declara Tonello.
A Eleven Financial, em contrapartida, segue a linha do JP Morgan e recomenda “compra” de PETZ3 para o longo prazo, com preço-alvo de R$ 18.