O BC divulgou hoje o Relatório Trimestral de Inflação e trouxe projeções e insights atualizados que nos permitem identificar as tendências mais recentes da economia brasileira e seus impactos em decisões relacionadas à condução da política monetária.
De acordo com o Banco Central, a economia nacional cresceu bem no primeiro trimestre de 2024, puxada principalmente pelo consumo das famílias e pelos investimentos, que aumentaram fortemente, algo que está relacionado com o mercado de trabalho aquecido dos últimos meses, marcado pela queda do desemprego e aumento dos salários.
Outro ponto positivo destacado pela autoridade monetária é que o Rio Grande do Sul já apresenta sinais de retomada em sua atividade econômica após uma queda grande em maio causada pelas enchentes.
Nesse sentido, o BC revisou suas projeções do PIB de 2024 de 1,9% para 2,3%. No âmbito da inflação, a autarquia pontuou que a taxa acumulada em 12 meses recuou de 4,5% para 3,9% e houve diminuição da inflação trimestral. Além disso, a inflação de serviços, principal fator de preocupação dos últimos meses, também perdeu ímpeto, mas continua elevada, e o mercado de trabalho robusto explica a persistência dos núcleos de inflação.
Dito isso, as expectativas de inflação futura dos analistas voltaram a aumentar e ficar mais longe do centro da meta e as projeções de inflação do BC subiram de 3,5% para 4% em 2024 e de 3,2% para 3,4% em 2025.
No mais, o Banco Central destacou fatores de risco em ambas as direções para a inflação, algo que também já havia sido pontuado no comunicado e na ata da última reunião, e a dificuldade em ajustar a taxa de juros para assegurar o processo desinflacionário.
Por fim, como comentado na ata da reunião de junho, em um cenário de incertezas globais elevadas, resiliência na atividade econômica, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, a interrupção do ciclo de queda de juros foi considerada a mais apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo de queda da inflação.
Segundo a autoridade, a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar para consolidar o processo desinflacionário e a ancoragem das expectativas em torno das metas.
O Relatório Trimestral de Inflação trouxe mais dados positivos do ponto de vista de crescimento do país, algo que já vínhamos reforçando há alguns meses e corroboram um cenário de crescimento maior do que o esperado em 2024, amparado principalmente pelo mercado de trabalho e pela redução da taxa de juros.
Além disso, a retomada do RS, ainda que prematura, já é um sinal interessante e que pode significar um impacto menor no crescimento anual e na inflação. Por outro lado, vemos que a atividade econômica mais forte significa uma inflação alta também mais persistente e que deve ser interpretada com cautela, como tem sido feito pelo Copom nas últimas duas reuniões.
Ainda assim, seguimos com nosso cenário de inflação dentro do intervalo da meta em 2024 e revisamos nossas expectativas de crescimento para algo em torno de 2,1%, nos mantendo mais conservadores até termos uma noção mais clara do impacto na região sul do país.