Você já reparou nas pequenas coisas que você compra? Qual o custo delas? Eu pessoalmente sou uma pessoa que amo comer e beber. E desenvolvi ao longo dos anos uma paixão por café. Fui criado sem tomar café no meu café-da-manhã. Aliás, meu pai, que é médico, não deixava eu e meus irmãos tomarem café. “Café tem cafeína, que é uma droga. Criança não toma café”. Dessa forma, comecei a tomar café depois de adulto, com 20 e poucos anos, quando tinha que trabalhar em jornadas mais longas. O café passou a ser parte da minha vida mais como um remédio que me deixaria acordado quando precisava que uma bebida apreciada. Com o tempo, passei a apreciar cada vez mais essa infusão. E passei a tomar com regularidade. Comecei com um cafezinho para quebrar aquele “bode que bate” pós-almoço. E, com o tempo, fui aumentando as doses. Hoje, confesso que bebo mais café que deveria. Mas, vamos ao que importa. Quanto custa um café?
Um espresso custa sete reais. Será mesmo? Talvez você esteja tentado a responder algo nessa linha. Não dá para dizer que está errado, mas certamente está muito incompleta essa visão. Um espresso aqui em SP, na Faria Lima e adjacências – sai por algo entre R$ 5 a 10 a xícara. Peguei R$ 7 como um número médio para meu exemplo. Mas pequenas coisas que são apreciadas raramente são compradas uma (ou poucas) vez(es). A verdade é que, para quem gosta de café, a bebida faz parte da vida diariamente. Um para acordar, um após o almoço, um ao final da tarde e por aí vai… Então, não faz sentido em falar que um espresso, pelo menos para mim Rodrigo, custa sete reais. Esse luxo negro custa certamente bem mais que isso pelo simples fato de ser consumido como hábito.
Pense em todas as coisas pequenas e corriqueiras que você compra. Com qual frequência você as consome. Já calculou esse gasto por um período maior? Eu chamo isso do “poder do gastozinho” e vou demonstrar que, muitas vezes, o dinheiro se esvai por coisas como essas. Voltando ao meu exemplo. Vamos calcular quanto custa comprar um café espresso, após o almoço, de segunda a sexta, supondo que se trabalha fora de casa e queira tomar um café após o almoço para evitar o “bode”. Assim, um café por dia de segunda a sexta é algo que está presente na vida de milhões. Se você não gosta de café, mas toma um refrigerante todo dia no almoço, apenas troque o exemplo do café por aquilo que você consome. Pense nos pequenos gastos que você mantém com regularidade. Cigarro? Pintar as unhas? Comprar livros? Um docinho ou sobremesa que não pode faltar? Uns drinks no final de semana? Idas a restaurantes? Bares? Baladas? Massagens? Sei lá, cada um tem seus hábitos e respectivos gastos.
O hábito transforma gastos aparentemente irrelevantes em grandes gastos.
Voltemos ao exemplo do café. Que tal calcularmos quanto sai um espresso, 1x ao dia de segunda a sexta, por 30 anos (o tamanho de uma carreira)? Uma semana custará R$ 35 em expressos. Um mês (22 dias úteis) custará R$ 154. Um ano tem 52 semanas. Supondo que você esteja de férias em quatro e não tome seu expresso, você teria 48 semanas, o que custaria R$ 1.680,00 em espressos. Já percebeu que o número pode crescer e ficar relevante? Agora, imagine um rendimento de 4% além da inflação, e que o dinheiro não gasto será remunerado a essa taxa. Quanto dá o resultado final em 30 anos?
Um café espresso por 30 anos é equivalente a um Honda Civic zero (ou R$ 106 mil a valores de hoje, de acordo com o site iCarros). A pergunta óbvia que fica é: você prefere um espresso por dia ao longo de uma carreira ou um carro sedã zero? Agora, a real e relevante pergunta deveria ser: um café por dia te traz alegria, satisfação, é algo que realmente te importa, ou não? Porque, se não importa, naturalmente a resposta correta é: corte o bendito (ou maldito, depende de quem olha) cafezinho! Falo pela minha própria experiência. Sempre trabalhei fora de casa e, por anos, quase sempre consumi no almoço uma lata de refrigerante e um café ao término. O que eu fiz? Mantive o café e cortei o refrigerante. E por quê? Porque o café me faz feliz e eu aprecio tomá-lo, além do benefício obvio que corta o efeito do sono pós-prandial (pós-almoço). E quanto ao refrigerante? Eu tomava por puro hábito e nem mesmo era algo relevante para mim. Então mudei meu hábito.
Quantas coisas pequenas consumimos com frequência e sem que elas mesmas sejam relevantes? Se um simples espresso pode equivaler a um bom carro zero, pense em quantas coisas hoje você gasta dinheiro e efetivamente aquilo não acrescenta nada a sua vida. Identificou algo? Elimine sem dó. Identificou outras que te são queridas e importantes? Mantenha o consumo. Afinal de contas, nem só de pagar boletos nós vivemos. Cortar gastos importantes, na minha humilde opinião, pode ser burrice. Mas manter gastos irrelevantes certamente é desprezar o próprio esforço que se tem para gerar e poupar dinheiro e, assim, acumular um patrimônio.
Aproveite o momento e, ainda nessa semana, tome a atitude de reavaliar seus hábitos. Certamente você encontrará inúmeros “refrigerantes” na sua vida que poderão ser cortados. Seu bolso futuro agradecerá.