Por que devemos prestar atenção à taxa de desemprego e à renda dos americanos? O desempenho do mercado de trabalho é um dos principais fatores que influenciam o Federal Reserve (Fed) na definição da taxa de juros. Recentemente, com o emprego em alta, a autoridade monetária tem encontrado mais espaço para elevar a taxa e combater a inflação.
Vale explicar que essa relação entre alta de juros e queda de preços é mais direta nos EUA, afinal, as famílias americanas tendem a utilizar mais crédito e, portanto, são mais impactadas nos apertos monetários. Assim, a queda no consumo contribui para a redução da inflação, mas também freia a atividade econômica de uma forma mais brusca, aumentando o desemprego. Já no Brasil, a alta da Selic afeta menos as finanças familiares, mas mais as empresas e seus investimentos e restringe o endividamento público.
Fato é que não só lá, como aqui e em diversos outros países, os juros estão em alta para conter os preços, e isso vai afetar a atividade econômica global, principalmente em 2023. Considerando apenas os EUA, a alta mais acentuada dos juros possibilitada, entre outros fatores, pelo mercado de trabalho favorável, atrai o capital internacional para os títulos do tesouro (o investimento mais seguro do mundo), valorizando o dólar em detrimento de moedas menos fortes. Ao mesmo tempo, o aperto monetário eleva o risco de recessão na maior economia do mundo, algo que afetaria todas as demais.