“Se você não sabe o que vem pela frente, você não sabe o que vai passar.”
É por experiência própria que João Lucas Tonello, analista técnico da Benndorf Research, define “achar alguma coisa” como o segredo para dar errado no day trade. Estudar o mercado “de forma estatística” e desenvolver gestão de risco são passos indispensáveis na formação da mentalidade de um trader bem-sucedido.
“A boa gestão de risco é saber medir o quanto você acerta, o quanto você erra e, quando isso acontece, quanto se perde e quanto se ganha”, explica Tonello no segundo episódio da série Entrelinhas do Day Trade. O cálculo pode confundir. Afinal, uma taxa de acerto de 70% – feito surpreendente, à primeira vista – pode ocultar o fato de que os 30% de erro trouxeram perdas superiores aos lucros obtidos.
“A gestão de risco operando muito baixo no swing trade não é vantajosa”.
A atual estratégia de Tonello consiste na combinação entre análise fundamentalista e técnica. “Para mim, é o somatório ideal”. A primeira escola define quais ativos operar, enquanto a segunda define o momento de fazê-lo. Contratos futuros de milho, boi, café e dólar são os principais ativos negociados pelo analista atualmente.
Às entrelinhas
Os contratos de dólar há muito fazem parte da vida de Tonello como trader. Uma ocupação, aliás, que ele não tinha em mente antes dos 20 anos de idade. “Pra mim, seria minha vida estudar Direito”, comenta.
Estagiário aos 16, Tonello ganhava pouco enquanto e começou a se arriscar – literalmente – na bolsa de valores. “Eu comprei Petrobras vendo Jornal Nacional. Completamente sem embasamento”. O prejuízo foi em torno de 30%. “Eu praticamente quebrei. Não podia entrar em outra operação, e era todo o dinheiro que eu tinha”.
A partir do baque, uma mudança de rota. Tonello decidiu trabalhar os estudos de mercado em progressão paralela à formação como advogado, especializando-se em leilão de minicontratos dólar futuro – “um mundo muito alavancado, muito perigoso, que é muito fácil quebrar”.
“A gente tem uma mão que move o mercado, que é os juros.”
Ainda estagiário, passou a ter operações em mini-dólar como principal fonte de renda. “Sempre acompanhava abertura de mercado, operava bastante a parte de dólar e índice, que sempre gostei bastante”. Tonello saiu do estágio pouco depois, quando viu os ganhos como trader superarem o salário formal.
Aos 20 anos e recém-formado, o hoje analista começou a trabalhar como advogado, mas adotou como meta bater o salário oficial com os ganhos em leilão – e precisou, antes de tudo, administrar a própria agenda. “Organização de tempo é tudo hoje. A gente tem que ter agenda para tudo”. A de Tonello incluía metas de petições e recursos no trabalho das 8h às 15h, academia até as 16h e estudo até as 22h. “Eu gostava de fazer aquilo porque era algo que eu me divertia, algo que eu achava legal de fazer”.
Disciplina e conhecimento são ênfases constantes nos conselhos de Tonello aos aspirantes a trader. “A mentalidade do operador vai estar justamente no know-how”. De acordo com o analista, enxergar o que está acontecendo no mercado, conhecer os próprios limites e a própria capacidade de acerto são as chaves para conseguir sustentar uma estratégia até o fim de uma operação.