Em queda de 5,07%, a RS 48,23, as ações da Usiminas (USIM5) foram a maior baixa do Ibovespa nesta segunda-feira (29). É a quarta sessão seguida de queda para os papéis, que, além da desvalorização do minério de ferro, repercutem hoje especificamente o rebaixamento de recomendação pelo BTG Pactual.
O banco revisou o papel de recomendação de “compra” para “neutra”, com preço-alvo de R$ 10 – 15% acima do fechamento da sexta-feira passada (26). O rebaixamento levou em consideração primariamente os riscos operacionais e a baixa visibilidade dos resultados da siderúrgica – “uma das mais baixas que já vimos em anos”, segundo os analistas do BTG em relatório.
Conforme comunicado ao mercado na última sexta-feira (26), a Usiminas aprovou R$ 1,1 bilhão na Coqueria 2 de Ipatinga, a ser distribuído até 2026. O conselho de administração da empresa também aprovou R$ 633 milhões para reforma do Alto Forno 3 da Usina de Ipatinga. O valor atualizado da reforma totaliza R$ 2,72 bilhões. Em reação do mercado, USIM5 despencou 6,67%. No dia seguinte, o Santander cortou o preço-alvo do papel de R$ 17 para R$ 14,50, mas manteve a recomendação no equivalente à “compra”.
A empresa tem mais contratos de longo prazo ante seus pares, “deixando-a mais resiliente numa eventual queda de preços no mercado internacional”, analisa.
Conforme destacado pelo chefe da Benndorf, a Usiminas tem maior exposição ao setor automotivo e aos produtos de linha branca. Nesse contexto, o analista da Eleven ressalta que a redução de preços das matérias-primas ainda não é visível no mercado interno.
“Para o segundo semestre, as empresas devem reportar uma manutenção de números com tendência de queda, mas com margens ainda muito saudáveis”, Felipe comenta. Ele acrescenta que os múltiplos das companhias continuam em patamares muito baixos. “Para voltarem às suas médias históricas, o Ebitda terá que apresentar uma retração muito significativa em 2023, situação que não é nosso cenário base”.
“Nos sentimos um pouco estranhos em rebaixar uma ação que está negociando a 2,9 vezes o Ebitda previsto para 2023, e concordamos que é um movimento tardio, pois o mercado já está pessimista com a empresa, mas temos dificuldade de ver como as ações da Usiminas terão um desempenho superior em um ambiente de falta de retornos relevantes para os acionistas, visibilidade operacional limitada, riscos macro elevados, descontos de preços no Brasil e deterioração do impulso dos lucros”, afirmou o BTG no relatório da recomendação.