USIM5: Investimento bilionário preocupa analistas; “o anúncio evidenciou os problemas operacionais”, diz Benndorf

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Em queda de 5,07%, a RS 48,23, as ações da Usiminas (USIM5) foram a maior baixa do Ibovespa nesta segunda-feira (29). É a quarta sessão seguida de queda para os papéis, que, além da desvalorização do minério de ferro, repercutem hoje especificamente o rebaixamento de recomendação pelo BTG Pactual.

O banco revisou o papel de recomendação de “compra” para “neutra”, com preço-alvo de R$ 10 – 15% acima do fechamento da sexta-feira passada (26). O rebaixamento levou em consideração primariamente os riscos operacionais e a baixa visibilidade dos resultados da siderúrgica – “uma das mais baixas que já vimos em anos”, segundo os analistas do BTG em relatório.

Radar de recomendações de USIM5 em 29 de agosto de 2022. [Fonte: Bloomberg]
Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, atribui o rebaixamento ao anúncio, em 26 de agosto, de investimento bilionário para reparos na Usina de Ipatinga – uma das três plantas da Usiminas dedicada à atividade de siderurgia. “O anúncio evidenciou os problemas operacionais que a companhia vem enfrentando, que tem afetado os resultados e dado baixa previsibilidade nos lucros, o que, aliados a um pior momento para o setor, vem afetando as ações da companhia”.

Conforme comunicado ao mercado na última sexta-feira (26), a Usiminas aprovou R$ 1,1 bilhão na Coqueria 2 de Ipatinga, a ser distribuído até 2026. O conselho de administração da empresa também aprovou R$ 633 milhões para reforma do Alto Forno 3 da Usina de Ipatinga. O valor atualizado da reforma totaliza R$ 2,72 bilhões. Em reação do mercado, USIM5 despencou 6,67%. No dia seguinte, o Santander cortou o preço-alvo do papel de R$ 17 para R$ 14,50, mas manteve a recomendação no equivalente à “compra”.

Desempenho de USIM5 em 26 de agosto de 2022. [Fonte: Bloomberg]
Victor Benndorf, sócio-fundador e analista chefe da casa de research que leva seu nome, aponta bastante volume – isto é, participação do mercado – na desvalorização da Usiminas. “O ativo se encontra em consolidação lateral”, e tem recomendação ‘neutra’ para abertura de novas posições. “Se perder mínimas confirma o viés de baixa atual no longo prazo”, complementa Victor. Ele sinaliza suporte em R$ 8,27 para USIM5.

Gráfico diário de USIM5 em 29 agosto de 2022. [Fonte: Victor Benndorf/TradingView]
Felipe Ruppenthal, analista da Eleven Financial, recorda o desempenho negativo do mercado de siderurgia como um todo, dada a queda da cotação do aço, assim como de algumas matérias-primas como sucata, coque e minério de ferro, no mercado internacional. Entretanto, ele enxerga posicionamento de mercado mais favorável para Usiminas em tal cenário. “Usiminas praticou um aumento de preços significativo para o setor automobilístico no 2T22, e é menos exposta ao mercado spot“ – o chamado mercado instantâneo, que abriga ativos para negociações com entrega imediata, como commodities.

A empresa tem mais contratos de longo prazo ante seus pares, “deixando-a mais resiliente numa eventual queda de preços no mercado internacional”, analisa.

Conforme destacado pelo chefe da Benndorf, a Usiminas tem maior exposição ao setor automotivo e aos produtos de linha branca. Nesse contexto, o analista da Eleven ressalta que a redução de preços das matérias-primas ainda não é visível no mercado interno.

“Para o segundo semestre, as empresas devem reportar uma manutenção de números com tendência de queda, mas com margens ainda muito saudáveis”, Felipe comenta. Ele acrescenta que os múltiplos das companhias continuam em patamares muito baixos. “Para voltarem às suas médias históricas, o Ebitda terá que apresentar uma retração muito significativa em 2023, situação que não é nosso cenário base”.

“Nos sentimos um pouco estranhos em rebaixar uma ação que está negociando a 2,9 vezes o Ebitda previsto para 2023, e concordamos que é um movimento tardio, pois o mercado já está pessimista com a empresa, mas temos dificuldade de ver como as ações da Usiminas terão um desempenho superior em um ambiente de falta de retornos relevantes para os acionistas, visibilidade operacional limitada, riscos macro elevados, descontos de preços no Brasil e deterioração do impulso dos lucros”, afirmou o BTG no relatório da recomendação.

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